Oito em cada 10 advogadas sofrem perseguição, atentados e ameaças

Foto: Unsplash

Foto: Unsplash

26 de fevereiro, 2024 AzMina Por Mariana Rosetti Maia

“Tem um homem aqui muito exaltado te procurando” ouviu de sua secretária, do outro lado da linha, a advogada Gabriela Küster, de 32 anos. Ela já sabia quem a buscava em seu escritório: o marido de uma cliente, que estava insatisfeito com o rumo do processo de divórcio.

A cliente avisou à Gabriela que não conseguiu uma conversa amigável e pediria o divórcio litigioso, aquele sem acordo entre o casal. Como de praxe, Gabriela informou a decisão ao advogado que representava a outra parte. Momentos depois as intimidações começaram.

O marido da cliente passou a ligar no celular pessoal e profissional de Gabriela. As chamadas não foram atendidas, então, ele foi presencialmente ao escritório, que fica em Vitória, no Espírito Santo. Por sorte, ela não estava lá.

Gabriela recebeu um áudio de alerta de sua cliente. Cochichando, a mulher contou que o marido havia chegado em casa alterado e exigindo o paradeiro da advogada. Ela decidiu encaminhar prints ao próprio companheiro mostrando as tentativas de contato do marido da cliente. “Meu marido disse que o mesmo número havia ligado em seu celular. Eu não soube responder como aquele homem tinha conseguido um dado pessoal e restrito”, contou a advogada.

O interfone do apartamento de Gabriela tocou. Ela estava sozinha e o coração passou a bater mais forte. Era o porteiro avisando a entrega de uma encomenda. Gabriela se sentiu encurralada, ameaçada e exposta.

De defensoras a vítimas
Gabriela Küster é mais uma vítima do chamado “Lawfare de Gênero”, palavra em inglês traduzida por “guerra jurídica”. O termo surgiu para nomear violências sofridas por advogadas durante o exercício da profissão. São crimes patrimoniais, ameaças, perseguição, violência sexual, exposição virtual, violência jurídica, entre outros.

Cerca de 80% das advogadas já se sentiram ameaçadas no exercício da profissão em razão do seu gênero ou de suas clientes. Esse dado foi apontado no estudo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa CARMIM Feminismo Jurídico, vinculado à Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que ouviu 190 advogadas, no Distrito Federal e nos 26 estados brasileiros.

Acesse a matéria no site de origem.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas