(O Globo, 08/05/2015) Alto comissário para os Direitos Humanos questiona razões para que soldados não tenham sido investigados por autoridades
A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas pediu uma investigação imparcial sobre a forma como as alegações de abuso sexual contra crianças por parte de soldados franceses na República Centro-Africana foram conduzidas. Enquanto isso, o chefe de direitos humanos da ONU questiona por que a França não se moveu mais rapidamente para investigar as alegações.
Um relatório interno da ONU detalhou o alegado abuso por tropas da França, Chade e Guiné Equatorial, entre dezembro de 2013 e junho 2014 em um centro para pessoas deslocadas no aeroporto M’Poko na capital da República Centro Africano, Bangui.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Raad al-Hussein, fez seus primeiros comentários públicos sexta-feira sobre o caso desde que as acusações foram relatadas pela primeira vez no mês passado.
— A França tem agora a oportunidade de impor um padrão de conduta realmente alto — afirmou Hussein em coletiva. — Não são apenas indiciamentos que devem ser realizados, mas sim uma investigação séria sobre a estrutura das forças de paz e o porquê dessas acusações não terem sido investigadas pelas autoridades francesas na época.
As perguntas permanecem sobre por que foram necessários tantos meses para que as investigações da ONU e da França viessem à luz e sobre o atual paradeiro dos soldados franceses acusados.
A embaixadora dos EUA, Samantha Power, disse a repórteres que as acusações são “completamente horríveis” e disse que “quando as alegações como estas são feitas, a velocidade é essencial”.
— Se estas alegações se provarem verdadeiras, é uma profunda violação, não apenas da dignidade e da segurança física das pessoas em seu estado mais vulnerável, mas também uma anulação completa da confiança.
A França interveio na República Centro-Africana, uma ex-colônia francesa, cerca de 18 meses atrás para ajudar uma força de paz da União Africana a tentar conter a violência entre milícias cristãs e rebeldes muçulmanos Seleka. A ONU assumiu o lugar da força de paz africana em setembro.
Acesse o PDF: ONU quer investigação ampla e imparcial sobre acusações de abuso sexual na República Centro-Africana (O Globo, 08/05/2015)