Representante da ONU Mulheres no Brasil se manifesta sobre violência no futebol e estereótipos de gênero

09 de dezembro, 2013

(Agência Patrícia Galvão) No último fim de semana a ONU lançou no Brasil a campanha “O Valente não é Violento”. A iniciativa é parte da ação global da ONU intitulada “UNA-SE Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”, e visa enfatizar a responsabilidade masculina pelo fim da violência contra as mulheres.

Segundo a ONU Mulheres, a campanha já foi lançada em sete países da América Latina (Cuba, Argentina, Equador, Honduras, Peru, Bolívia e Paraguai) e em dezembro está chegando ao Brasil, Nicarágua, Paraguai, Venezuela e Costa Rica.

Na 38ª rodada do campeonato brasileiro, jogadores do Flamengo, Cruzeiro, Fluminense, Bahia, Vasco e Atlético Paranaense entraram em campo segurando faixas com o slogan da campanha (“O Valente não é Violento com as mulheres”), no último domingo (08 de dezembro). No jogo Vasco x Atlético Paranaense, no entanto, logo após o locutor da emissora que transmitia a partida anunciar a campanha, começou a pancadaria que chocou todo o país. A infeliz coincidência levou a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, a publicar um artigo sobre o episódio como subproduto de uma cultura de violência machista. O texto, reproduzido abaixo, foi publicado no Blog do Juca Kfouri.

Acesse o site da campanha ‘O valente não é violento com as mulheres’

O Instituto Patrícia Galvão também produziu, em 2004, dois spots em vídeo sobre a violência doméstica voltados ao diálogo com os homens. Um deles tem como mote o futebol, sob o título “Onde tem violência, todo mundo perde”. 

 

>> Para falar com a ONU Mulheres no Brasil
Gisele Netto (assessoria de comunicação)
(61) 3038-9287 / [email protected]

 

DO BLOG DO JUCA KFOURI: Estereótipos de gênero são prejudiciais também para os homens

POR NADINE GASMAN*

“Durante o final de semana, foi lançada a iniciativa “O Valente não é Violento”, que faz parte da campanha do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, UNA-SE Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, é coordenada pela ONU Mulheres e conta com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República. Para marcar o lançamento da iniciativa, seis times de futebol entraram em campo, nos jogos da última rodada do Campeonato Brasileiro, levando faixas com os dizeres: O Valente Não É Violento Com As Mulheres. Entre eles, Vasco e Atlético Paranaense.

Pude acompanhar a entrada da faixa levada pelos jogadores do Vasco e contextualizada aos telespectadores pelo locutor da TV Globo, Luís Roberto. Minutos depois, com os jogadores já em plena partida, presenciamos atos terríveis de violência entre torcedores dos dois times adversários. A brutalidade que se seguiu interrompeu o jogo e deixou a todos perplexos e assustados com tamanha selvageria.

As cenas que vi pela televisão me fizeram refletir sobre como precisamos avançar na transformação dos estereótipos de gênero e dos conceitos machistas que, infelizmente, ainda entendem a violência como sinônimo de valentia, virilidade e masculinidade. A maneira como nossa sociedade lida com os papeis sociais denominados femininos e masculinos e a forma como atribui aos homens a obrigação de possuírem certos comportamentos são extremamente prejudiciais não apenas para as mulheres e meninas, mas também para os próprios homens, como pudemos ver, mais uma vez, no último domingo.

Nesse sentido, a iniciativa “O Valente não é Violento” se mostra atual e muito necessária, na medida em que trabalhamos com o propósito de educar homens e mulheres para que todos nós possamos separar a imagem do homem forte, viril, corajoso e valente, da imagem do homem violento.

“O Valente não é Violento” quer contribuir para a erradicação das práticas culturais danosas e dos comportamentos prejudiciais às mulheres e meninas e aos homens e meninos gerados por pressões de grupos sociais machistas. A visão da iniciativa e da ONU Mulheres é um mundo de paz, livre da violência de gênero e de todos os preconceitos sobre os comportamentos que definem o que é ser homem e o que é ser mulher. O verdadeiro valente diz não à violência.”

*Nadine Gasman é Representante da ONU Mulheres no Brasil

Acesse o PDF: Estereótipos de gênero são prejudiciais também para os homens (Blog do Juca Kfouri, 09/12/2013)

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