Comissão da Verdade da Escravidão Negra inicia os trabalhos em Brasília

06 de fevereiro, 2015

(SEPPIR, 06/02/2015) O grupo de trabalho foi empossado hoje (6), com o objetivo de fazer o resgate histórico do período e a aferição de responsabilidades, além de demonstrar a importância das ações afirmativas como método de reparação ao povo negro

A Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra foi empossada hoje (6), na sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília. O grupo de trabalho tem o objetivo de fazer o resgate histórico do período e a aferição de responsabilidades, além de demonstrar a importância das ações afirmativas como método de reparação ao povo negro.

Comissão da Verdade da Escravidão Negra inicia os trabalhos em Brasília

Comissão da Verdade da Escravidão Negra inicia os trabalhos em Brasília (Foto: Reprodução/SEPPIR)

Durante o evento, o presidente nacional da OAB, Marcus Vinícius Coelho falou sobre o mito da democracia racial, que encobre a violência vivida pela população negra, principalmente os jovens. Segundo ele, devido ao passado escravista, “ser negro no Brasil infelizmente significa acessar menos direitos e sofrer mais violência”.

Na ocasião, o jurista utilizou números divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) nos últimos anos, que mostram indicadores socioeconômicos bem menores para a população afro-brasileira. De acordo com os índices, crianças brancas são as que têm mais acesso a creches; 60% dos presidiários são negros; a média de estudos da população afrodescendente é de quase dois anos menor quando comparada à branca, entre outros exemplos.

“Trago esses dados não para reforçar o sentimento de cisão ou separação entre brancos e negros, mas para demonstrar que o recorte de raça é decisivo para o futuro de grande parte da população brasileira. Tanto no quesito segurança pública de encarceramento, quanto no acesso a direitos sociais, como saúde, educação e moradia”, declarou.

Coelho chamou a atenção, ainda, para a importância das cotas. “Considerarmos que as ações afirmativas são fundamentais. Que é preciso tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam”, concluiu.

Além do presidente, compuseram a mesa de abertura o ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e membro da Comissão, Carlos Alberto Júnior; a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos (SDH), Ideli Salvatti; Humberto Adami, presidente da Comissão; o presidente do Instituto Afrobrasileiro de Ensino Superior da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente.

Também estiveram presentes Cláudio Pereira de Souza Neto, secretário-geral do conselho Federal da OAB; Noelia Castro de Sampaio, vice-presidente da Comissão; Tarciso Nascimento, gerente de comissões da OAB; e Eduardo Araújo, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília.

Instituições parceiras

A data foi propícia para a assinatura do termo de cooperação entre a OAB e o Instituto Afrobrasileiro de Ensino Superior da Faculdade Zumbi dos Palmares, no âmbito da Comissão.  O grupo recebe ainda o apoio de entidades como o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO); e o Instituto Nzinga Mulher Negra.

Cultura negra

Aberto ao público, o evento teve a presença de integrantes da sociedade civil de todo o país. Entre eles, a banda mirim do Olodum, de Salvador (BA), que entoou o Hino Nacional Brasileiro ao som dos tambores.

As apresentações foram complementadas com o Congado de quilombolas de Patos e Paracatu (MG); letras de Coco – ritmo nordestino influenciado pelas culturas africana e indígena – na voz de Martinha do Coco; e o grupo TAMNOÁ (Tambores do Paranoá), do DF.

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