Conheça a 1ª defensora dos Direitos das Mulheres Negras no mundo, eleita pela ONU Mulheres

16 de maio, 2017

Ela é atriz, escritora, youtuber, feminista e militante do movimento negro. Agora, foi eleita pela ONU Mulheres Brasil a primeira defensora dos Direitos das Mulheres Negras no mundo.

(Huffpost Brasil, 16/05/2017 – Acesse o site de origem)

Kenia Maria, ao lado de Juliana Paes e Camila Pitanga, faz parte de um grupo comprometido em promover a igualdade de gênero e a eliminar a violência contra as mulheres ao redor do mundo.

 

REPRODUÇÃO
Kenia Maria é a primeira defensora dos Direitos das Mulheres Negras no mundo.

A iniciativa da ONU foi criada em 2010 e o papel de Kenia será apoiar os organismos intergovernamentais a pensar o papel da mulher negra na formulação de políticas e padrões que regem a nossa sociedade.

“Tenho fortes razões para acreditar que mudanças estão por vir e para mim é uma honra ser uma das defensoras desta causa. Na verdade, o nosso pedido é muito simples: que a sociedade nos trate como humanas. Sinto uma enorme alegria e satisfação em saber que a ONU Mulheres, juntamente com a Década Internacional de Afrodescendentes das Nações Unidas, tem em sua agenda o objetivo de mobilizar a sociedade para que a enorme demanda das mulheres negras seja ouvida”, declarou em seu primeiro pronunciamento como defensora.

Com o novo cargo, o primeiro objetivo da militante é debater é a lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio.

Para ela, apesar de existir, a lei não é efetiva.

“É importante ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas”, explica.

Se hoje Kenia é porta-voz de uma das mais importantes instituições em defesa dos direitos humanos é porque há muita luta e resistência em suas raízes.

Vinda de uma família de militantes do subúrbio do Rio de Janeiro, seu nome é uma homenagem ao país africano e ela participa de movimentos sociais desde os 13 anos. Foi a sua mãe que a introduziu no resgate de sua ancestralidade e aos 18 anos a sua militância ganhou novos sentidos ao participar da fundação AfroReggae.

 

Há quatro anos, com apoio do marido e dos filhos, ela criou o canal no Youtube Tá Bom Pra Você em que questiona o racismo presente no cotidiano de forma leve e bem humorada.

Um dos quadros, por exemplo, é recriar peças publicitárias para chamar atenção da falta de representatividade negra nas publicidades.

Em 2016, Kenia participou do “TEDxSãoPaulo – Mulheres que inspiram”. No início de sua palestra, ela pede para que o público feche os olhos e imagine um príncipe e uma princesa. Depois, ela questiona quantas pessoas imaginaram os personagem negros.

“Eu confesso que até hoje faço esse teste e não consegui desconstruir essas imagens que a minha mente reproduz. A pergunta que eu faço é se o que você vê quando fecha os olhos é um mundo que você quer, que você imagina. Tá bom pra você?”.

As mulheres negras no Brasil são 55,6 milhões, 41,1% delas são chefes de famílias, de acordo com os dados de 2015 extraídos do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça.

Em cada três mulheres presas, duas são negras num total de 37, 8 mil detentas – de acordo o Infopen Mulher.

E entre 2003 a 2013, houve um aumento de 54% no número de assassinatos de mulheres enquanto houve redução em 10% na quantidade de assassinatos de mulheres brancas.

Quando se trata de mercado de trabalho, no quadro diretivo das maiores empresas no Brasil, as negras são apenas 0,4% das executivas.

E é por isso que, diante desses dados, a ONU Mulheres Brasil quer enfrentar o racismo por meio da estratégia “Mulheres Negras rumo a um Planeta 50-50 em 2030”.

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