A Década Internacional de Afrodescendentes da ONU foi o tema principal das reuniões do Fórum Permanente pela Promoção da Igualdade Racial (FOPIR) com o Sistema das Nações Unidas no Brasil. Encontros ocorreram em 11 de maio, em Brasília. Organismo apresentou aos dirigentes das agências da ONU as atividades dessa recém-criada coalizão da sociedade civil, que foi estabelecida em novembro do ano passado para combater o racismo e o sexismo.
(Nações Unidas, 16/05/2017 – Acesse o site de origem)
O FOPIR também se reuniu com o Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia das Nações Unidas, liderado pela representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman. Durante o encontro, a diretora lembrou a inclusão dos direitos das mulheres negras no último documento da 61ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres (CSW), realizada em março deste ano. Segundo Nadine, a menção foi um resultado da participação de brasileiras negras no fórum intergovernamental.
“A declaração final da CSW reitera a responsabilidade de os Estados-membros da ONU desenvolverem políticas para as mulheres com recorte racial, incluindo o empoderamento econômico das mulheres negras, além da janela de oportunidade que a Década Internacional de Afrodescendentes traz para os esforços políticos para a eliminação do racismo e da discriminação racial”, considerou a representante da ONU Mulheres.
Integrantes do FOPIR com parte do Grupo Assessor de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil. Foto: UNFPA/Ana Cunha
Maria Aparecida Bento, do FOPIR, pediu alertou os desafios que ainda impedem o acesso pleno da população negra a empregos e capacitação. “É preciso abrir o mercado de trabalho para as mulheres negras, que estão se qualificando e encontram um mercado de trabalho ainda fechado. Nesse sentido, queremos saber como os Princípios de Empoderamento das Mulheres estão incorporando a dimensão racial”, questionou.
“Sobre a juventude negra, vimos melhoria nos indicadores na área de educação. Contudo, maior evasão e desempenho mais baixo são variáveis que não mudaram nos últimos 15 anos”, acrescentou.
ONU à disposição para ajudar governo brasileiro
Durante o encontro, a gerente de programas da ONU Mulheres, Ana Carolina Querino, salientou o Marco de Parceria para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021, estratégia que foi desenvolvida com o governo brasileiro e que tem como eixos transversais o enfrentamento ao machismo e ao racismo.
Segundo a especialista, um dos focos prioritários do Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU no Brasil é fornecer assistência técnica para garantir que o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pelo país incorpore a perspectiva racial.
Desigualdades
O FOPIR é uma coalização de organizações antirracistas que tem como propósito promover um debate amplo e democrático pelo fim do racismo e do machismo. A defesa de políticas voltadas para a igualdade de gênero e racial também é uma das pautas do movimento. Um dos focos do Fórum são os problemas enfrentados pela juventude e pelas mulheres negras.
Em dezembro de 2016, logo após ter sido lançada, o FOPIR teve uma audiência na Casa da ONU, em Brasília. Durante a reunião, entregou o documento Análise de Conjuntura do Estado brasileiro e as desigualdades sociorraciais no século XXI.
Conheça os integrantes do FOPIR: http://fopir.org.br/participantes.