Guia Antirracista e Antimachista é lançado pelo Projeto MUDE com Elas para fortalecimento das jovens negras em ambientes corporativos

23 de junho, 2025 CEERT Por Geovanna Moraes Nogueira

Em um país marcado por grandes desigualdades, no qual as mulheres negras, apesar de representarem a maior parcela da população, estão em situação de alta vulnerabilidade em diversos aspectos, o setor empresarial exerce um papel crucial na promoção da equidade racial e de gênero, assumindo a responsabilidade de implementar mudanças significativas e estruturais. Por isso, são urgentes ações que promovam a plena inserção de mulheres negras no mercado de trabalho.

Visando colaborar com essa luta por mudança, na última quinta-feira (05), na sede da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), foi lançado o Guia Antirracismo e Antimachismo MUDE com Elas, um documento elaborado pelo CEERT, fruto do projeto MUDE Com Elas, parceria entre CEERT, Ação Educativa e Terre des Hommes, e criado com o objetivo de oferecer ferramentas práticas às organizações empregadoras para que possam enfrentar o racismo e o machismo no ambiente corporativo de maneira efetiva, construindo ações concretas que promovam o direito ao trabalho digno e a inclusão de jovens negras em ambientes organizacionais.

A situação das jovens e mulheres negras no mercado de trabalho

No Brasil, as mulheres ocupam 37% dos cargos de liderança sênior das organizações empregadoras, e quando olhamos para o recorte interseccional de gênero e raça, as desigualdades se escancaram ainda mais. Apesar de serem a maior parcela da população brasileira, 28% segundo o IBGE, apenas 2,6% das mulheres negras estão em cargos de liderança no Brasil, desigualdade que se repete também nas desigualdades salariais, posto que com o mesmo nível de ensino, mulheres negras com ensino superior ganham, em média, 159% menos que homens brancos no Brasil.

Estes são alguns dos dados concentrados no Guia Antirracismo e Antimachismo, que também reúne leis, conceitos, diagnósticos, metas numéricas e processuais, políticas de advocacy, estratégias para garantir a inserção de jovens negras em processos seletivos e diversas ferramentas práticas que podem auxiliar organizações empregadoras a combater o racismo e o machismo em ambientes corporativos e fortalecer a permanência dessas mulheres negras nas empresas a partir de políticas de DE&I e do compromisso de lideranças com tais práticas.

“Uma pesquisa realizada pelo CEERT em parceria com o Pacto Global da ONU mostrou que uma das dificuldades das empresas ainda é falta de conteúdo sobre o tema [empregabilidade de jovens negras], por isso achamos importante trazer esses conceitos e também esse glossário antirracista e antimachista [….] sabemos que estamos em um momento de derrocada deste debate dentro das empresas, e uma das formas de fortalecer esse debate é através dos dados.” reforça Julia Rosemberg, Psicóloga Social e Clínica e Pesquisadora do CEERT.

Além deste material, o projeto Mude com Elas também realizou duas publicações recentes com indicadores que apresentam o cenário atual das jovens negras no mercado de trabalho, e com as condições habitacionais das jovens negras em São Paulo, disponíveis gratuitamente na biblioteca do observatório.

Mário Rogério Teixeira, Diretor de Indicadores e Diagnósticos do CEERT e um dos coordenadores do Guia e das pesquisas publicadas, reforça a importância desses dados para a luta por equidade racial e de gênero no mercado de trabalho.

“Indicadores raciais são fundamentais para revelar as desigualdades que impactam a vida das mulheres negras, especialmente nas relações de trabalho, além de servirem como ferramentas para subsidiar políticas públicas antirracistas e apoiar as empresas na construção de planos estratégicos de equidade racial”, ressaltou Mário.

O CEERT, ao longo de seus mais de trinta anos de atuação, tem se dedicado a promover práticas e políticas antirracistas e antissexistas nas organizações, a partir de perspectiva interseccional. Este guia reforça o compromisso contínuo da organização com a promoção da equidade racial e de gênero no Brasil, especialmente no que diz respeito à inclusão e permanência das jovens mulheres negras no mercado de trabalho.

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