Racismo torna mulheres negras e indígenas mais suscetíveis a problemas de saúde na gestação, diz Ministério da Saúde

Foto Kei Scampa – Pexels -Mulher negra grávida

Foto: Kei Scampa/Pexels

24 de outubro, 2023 Brasil de Fato Por Nara Lacerda

Dados do governo federal revelam que esse grupos são os mais atingidos pela falta de acesso à prevenção e ao tratamento

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (23) mostram que mulheres negras e indígenas estão mais suscetíveis a problemas durante a gestação e no pós-parto no Brasil. Esses grupos têm menos acesso ao pré-natal e concentram a maior parte dos casos de bebês abaixo do peso ideal e das mortes por hipertensão, por exemplo.

As informações estão no Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra e revelam como o racismo traz consequências consideráveis à garantia de um dos direitos essenciais previstos na Constituição. O grupo de mulheres pretas foi o único que apresentou aumento na mortalidade materna por hipertensão entre 2010 e 2020, cenário que está diretamente relacionado ao não tratamento e à desigualdade.

Segundo o dossiê, nesse mesmo período, o Brasil conseguiu diminuir a morte materna entre mulheres brancas, indígenas e pardas. O maior declínio foi observado entre as indígenas que tiveram queda de 30%. Entre as mulheres brancas, o índice decresceu 6%. E, entre as pardas, foi de 1,6%.

Embora as mulheres negras sejam as que mais aumentaram o acompanhamento pré-natal na década analisada, a pesquisa mostra que a população branca ainda tem mais facilidade de acesso. Os dados alertam também para um resultado preocupante entre as populações indígenas.

O total de mães que disseram realizar sete ou mais consultas saiu de 60,6% para 70%. No caso das mulheres indígenas, o índice é de 39%. Entre as mulheres negras, ele é inferior a 70%. Já as mulheres autodeclaradas brancas apresentaram cobertura de 80,9%.

:: Racismo estrutural leva à maior mortalidade materna entre mulheres negras, aponta pesquisadora ::

Esse último grupo apresentou estabilidade em outro dado relevante para a análise da qualidade do acesso à saúde: o peso dos recém-nascidos. O percentual variou de 8,4% para 8,6%. Já entre as mães indígenas, pretas e pardas, a proporção de crianças nascidas vivas com peso menor que 2,5kg aumentou. O maior salto ocorreu entre as pretas: de 8% para 10,1%.

Acesse a matéria no site de origem.

Saiba mais: Morte materna por hipertensão aumenta 5% entre mulheres pretas e cai nos demais grupos.

Saiba mais: Novo boletim aponta impactos do racismo para população negra no Brasil.

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