(Global, 21/08/2014) Se a violência que recai sobre a população negra no Brasil vitima sobretudo os homens jovens, moradores de favelas e periferias urbanas, é igualmente importante chamar a atenção para a violência contra as mulheres negras – casos que geram ainda menos repercussão.
Apenas nesta semana, dois casos de assustadora violência contra mulheres negras ocorreram na cidade do Rio de Janeiro. No último domingo, no Complexo do Lins, Joana Darc Brito foi assassinada com dois tiros nas costas. Moradores tentaram socorrê-la e foram impedidos por policiais da UPP local. Moto-taxistas conseguiram levá-la ao hospital, mas já era tarde. Há notícias de que outra mulher, grávida de oito meses, teria falecido em meio à repressão policial aos protestos dos moradores.
Em março deste ano, Cláudia da Silva Ferreira – mulher, negra, mãe de quatro filhos – foi baleada durante operação policial no morro da Congonha, em Madureira, tendo seu corpo arrastado por 350m pela viatura que deveria lhe prestar socorro.
Em agosto de 2013, Maria de Fátima dos Santos e Alessandra de Jesus, mãe e filha, foram executadas em um beco no morro da Quitanda, em Costa Barros.
São histórias como essas que estão por trás do aumento do número de autos de resistência no Rio de Janeiro, que este ano já chegou a quase 60%. O assombro que este dado provoca contém também o alerta: mulheres negras são igualmente vítimas de execução policial. E sobre elas também recaem com maior intensidade outras formas de violência – obstétrica, sexual, doméstica, de gênero.
É por elas, também, que ocorre, nesta sexta feira, a Marcha (Inter)Nacional contra o genocídio do Povo Negro. No Rio de Janeiro a concentração está marcada para as 14h na estação de trem de Manguinhos: https://www.facebook.com/events/673726479368130
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