(Revista Fórum, 18/11/2015) Cerca de 10 mil ativistas se reuniram para reivindicar políticas de combate à discriminação e à violência. Entre 2003 e 2013, a quantidade de mulheres negras mortas cresceu 54%, enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período
Na capital do país, o dia foi de luta contra o racismo. Ativistas de norte a sul se reuniram nesta quarta-feira 18 para a 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, que tomou as ruas da cidade.
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Segundo a organização, cerca de 10 mil pessoas participaram do ato, que teve por objetivo chamar a atenção para o combate à discriminação e para a necessidade de ampliação das políticas públicas de promoção da igualdade.
De acordo com o Mapa da Violência 2015, divulgado neste mês pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais, a quantidade de mulheres negras mortas cresceu 54% de 2003 a 2013, enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período.
As estatísticas mostram que os desafios ainda são grandes para a superação do preconceito e da violência contra este que é considerado o segmento mais vulnerável da população.
Para a ministra Nilma Lino Gomes, do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, o evento mostra a capacidade de articulação e mobilização das mulheres negras de todo o Brasil. Ela destaca a importância de valorizar o protagonismo de pessoas que normalmente têm poucas oportunidades de expressão.
“Se for pensar na luta e na força, elas têm esse comando todo dia, só que muitas vezes é invisibilizado na nossa sociedade por um imaginário racista, por um imaginário sexista. Então, a Marcha é um momento de as mulheres negras colocarem essa visibilidade nacional e internacionalmente”, ressalta.
Essa é também a opinião da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que fez questão de pontuar a baixa representatividade do setor na política e a necessidade de vigilância para que não haja retrocessos nas discussões que permeiam o Congresso Nacional.
A colega de partido e ex-ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (RS), lembrou que há apenas três parlamentares negras na Câmara e isso precisa ser mudado. Para a deputada, é fundamental que essa população ocupe os espaços de decisão e, assim, possa lutar por mais direitos. “Elas ainda são a base da pirâmide”, alerta.
Policial foi preso por atirar durante Marcha
Um homem foi preso em Brasília, no início da tarde da quarta-feira 18 por disparar quatro tiros para o alto durante a Marcha das Mulheres Negras na Esplanada dos Ministérios (assista a dois vídeos no pé deste texto). Ele é policial civil e acampava em frente ao Congresso Nacional junto a outros manifestantes que pedem a volta dos militares ao poder. Houve um princípio de tumulto entre as pessoas, que correram ao ouvirem os disparos.
De acordo com informações da Polícia Militar, o homem alegou ter se sentido ameaçado por conta do protesto. O objetivo do ato era justamente reivindicar políticas de combate à violência e à discriminação contra as mulheres negras, reunindo cerca de 10 mil ativistas de todo o país.
Por Maíra Streit, de Brasília
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