(O Globo, 22/01/2016) Academia fez anúncio após polêmicas pela ausência de negros entre indicados
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood vai mudar as regras do Oscar. A atitude, anunciada na tarde desta sexta-feira, visa promover a diversidade de perfis entre os indicados — e, consequentemente, entre os premiados. A lista de concorrentes da edição de 2016, marcada para o dia 28 de fevereiro, provocou polêmica por excluir atores e diretores negros da disputa. As mudanças não se aplicarão à cerimônia deste ano, no entanto.
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Em votação unânime, o conselho da Academia aprovou uma série de modificações “substanciais” para incluir perfis diversos entre seus membros, possibilitando, assim, indicações e premiações mais abrangentes. “O objetivo do conselho é comprometer-se a duplicar o número de mulheres e membros diversos na Academia até 2020”, disseram, em comunicado.
Por “membros diversos”, entende-se negros, latinos e outras minorias, que reclamam terem sido esnobadas pela indústria cinematográfica. “A Academia vai liderar (a mudança), em vez de esperar a indústria para recuperar o atraso”, declarou a presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, a primeira mulher negra a comandar a associação.
Para isso, a Academia irá promover uma campanha “ambiciosa e global” para identificar e recrutar possíveis novos membros, “que representem uma maior diversidade”.
Ainda a partir deste ano, o “visto” para votação de cada novo membro vai durar dez anos, renováveis caso a pessoa em questão tenha se mantido ativa na indústria cinematográfica no período. Após três décadas de contribuição, os membros receberão direito vitalício à votação. Tal direito valerá também para quem foi premiado ou mesmo apenas indicado ao Oscar.
As normas serão aplicadas retroativamente aos mais de 5 mil membros atuais da Academia. “Em outras palavras, se um membro atual não esteve ativo nos últimos dez anos, ele ainda pode se qualificar através do cumprimento de outros critérios (como a indicação ao Oscar)”, diz o comunicado. “Aqueles que não se qualificam, serão considerados eméritos. Membros eméritos não pagam as cotas, mas desfrutam de todos os privilégios de um membro, exceto votar (no Oscar). Isto não afetará a votação para o Oscar deste ano”.
A fim de aumentar imediatamente a diversidade de seu conselho administrativo, a Academia vai criar três novos cargos que serão ocupados por nomes indicados pela própria presidência. Os mandatos terão duração de três anos. Espera-se, portanto, que Cheryl escolha ao menos um negro e uma mulher para ocupar os assentos.
A Academia também anunciou que vai tomar outras medidas imediatas, como adição de novos membros para sua comissão executiva, responsável pelas decisões-chave sobre adesões e governança. “Isto permitirá aos novos membros tornarem-se mais ativos nas decisões da Academia e ajudar a organização a identificar e formar futuros líderes”.
Além de Cheryl, Phil Robinson, diretor do conselho de membros e do comitê administrativo, liderou os esforços para aprovar essas iniciativas.
Acesse o PDF: Oscar muda drasticamente suas regras para promover a diversidade (O Globo, 22/01/2016)