No primeiro caso, professor é acusado por alunos de postagens ofensivas nas redes sociais. No outro, aluno chamou colega negro de ‘escravo’ em grupo de WhatsApp.
(G1, 13/03/2018 – acesse no site de origem)
A Comissão Especial de Discriminação Racial da Secretaria de Justiça de São Paulo decidiu investigar dois casos de injúria racial ocorridos em instituições de ensino da capital paulista nos últimos dias. As denúncias são contra as pessoas físicas, não contra as instituições onde os casos ocorreram.
Um deles é a denúncia de alunos do Instituto Federal de São Paulo (IF-SP) divulgada na segunda-feira (12) acusando um professor por um comentário preconceituoso nas redes sociais. O outro é contra um aluno de administração pública da FGV-SP que chamou um colega de “escravo” em uma foto divulgada num grupo de WhatsApp, como o G1 antecipou.
A secretaria já instaurou um inquérito no caso do IF-SP e também deve investigar, em âmbito administrativo, o ocorrido na FGV. Neste último caso, o aluno em questão foi suspenso pela própria faculdade por três meses.
À GloboNews, um porta-voz do IF-SP afirmou desconhecer as postagens do professor antes de elas ganharem repercussão, e que o caso está sendo investigado.
“A gravidade dessa conduta é ainda maior [por vir de um professor]”, disse o secretário estadual de Justiça e Defesa da Cidadania, Márcio Elias Rosa. “Porque acaba por induzir nos outros alunos um comportamento que não constitui apenas crime. É odioso desde seu nascimento.”
“No caso da FGV, ainda hoje [13] o aluno ofendido se interessou em fazer a denúncia e vai ser ouvido”, disse o secretário. “Vai apresentar detalhes que eventualmente ainda não tenham sido apresentados à sociedade”, detalhou.
Márcio Elias Rosa explicou que as sanções possíveis aos dois autores das ofensas vão desde uma advertência à imposição de uma multa, que vai de R$ 25 mil a até R$ 75 mil em casos de reincidência. Os inquéritos ocorrem no âmbito administrativo, não na esfera penal.
Casos
Um aluno da Faculdade Getulio Vargas (FGV), no Centro de São Paulo, tirou uma foto de outro estudante da mesma instituição e compartilhou em um grupo de whatsapp com a frase: “Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”. A vítima registrou boletim de ocorrência por injúria racial e o autor da foto foi suspenso da faculdade por 3 meses.
Em um grupo da GV no Facebook, a vítima conta que foi chamado pela Coordenação de Administração Pública na terça-feira (6) e informado que um aluno do 4º semestre do curso de Administração de Empresas compartilhou a foto com a frase.
Nesta segunda-feira (13), alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo denunciaram um professor por um comentário preconceituoso em redes sociais.
O professor José Guilherme de Almeida, que faz parte do quadro docente do Instituto Federal de São Paulo fez uma postagem racista no sábado (10) em suas redes sociais onde afirma ter ódio de negros e pardos, descreve a alimentação deles como “macabra”.
Diz o texto: “Horror de turismo. Odeio pretos e pardos falando muito e comendo de tudo por muito tempo, em bandos, nos hotéis três estrelas de orla de praia! Um café da manhã macabro com tanta algazarra e gulodice. Alguém consegue comer carne de sol logo cedo lotando o prato por 3 vezes? Eles conseguem, todos! Queria ser muito rico e ter o café no meu quarto sempre nu e escutando Mozart.”