(Correio Braziliense, 28/04/2014) Para Renísia Garcia, essas questões são recorrentes tanto na Europa como no Brasil e devem se repetir
A professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Renísia Cristina Garcia não concorda com a ideia do jogador Neymar, ao lançar a hashtag #somostodosmacacos. Renísia, que também é coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB) acredita que existem várias formas de “jogar banana” para as pessoas. A campanha surgiu na internet depois que o jogador Daniel Alves comeu uma banana atirada por torcedores em campo na Espanha.
“Eu daria um recado ao Neymar: somos todos macacos? Não, somos todos racistas”, disse a professora. A #somostodosmacacos ganhou a rede e adesão de celebridades, que postaram fotos em apoio a Daniel.
Para a educadora, a atitude do lateral-direito Daniel Alves resolve apenas parte do problema racial. A situação é recorrente, não só na Europa como no Brasil. “Seria mais interessante se tivéssemos uma conscientização sobre onde nós guardamos o nosso racismo. No nosso cotidiano no Brasil temos várias manifestações racistas”, explica Renísia.
Já o titular da Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial do DF (Sepir-DF), Viridiano Custódio segue a linha de que a campanha #somostodosmacacos reforça estereótipo que o movimento negro brasileiro tenta combater há anos.
A presidente Dilma Rousseff elogiou o jogador Daniel Alves e disse que a resposta – comendo a banana – foi ousada e forte. Além disso, deu total apoio a Neymar: “Ele lançou a campanha #somostodosmacacos para mostrar que temos todos a mesma origem e que nada nos difere, a não ser nossa tolerância com o outro”, disse Dilma.
Acesse o PDF: “Somos todos macacos? Não, somos racistas”, diz professora de estudos Afro (Correio Braziliense, 28/04/2014)