Segregação em trens e metrô ‘culpabiliza’ mulher por assédio

09 de julho, 2014

(Rede Brasil Atual, 09/07/2014) Os deputados estaduais de São Paulo que aprovaram um Projeto de Lei que prevê a separação de vagões exclusivos para mulheres nos trens do metrô e da CPTM o fizeram o fizeram por desencargo, “para dizer que fizeram alguma coisa”. A opinião é da mestranda em em Filosofia Djamila Ribeiro, na Universidade Federal de São Paulo. Para ela, a medida não chega sequer a ser um paliativo contra a prática do assédio sexual, pois não ataca em nenhum grau a mentalidade machista e sexista que leva homens à praticar abusos em transportes coletivos.

Em reportagem de Cláudia Rocha para a Rádio Brasil Atual, Djamila afirma que é compreensível que mulheres se sintam mais seguras num vagão segregado, mas considera a medida incapaz de atacar a raiz do problema. E questiona: como ficariam as mulheres que não utilizarem o ‘vagão rosa’ por estar lotado, ou por estarem acompanhadas de amigos, ou por não poderem esperar o próximo trem? “Essas poderão ser assediadas?”, critica. “A medida acaba culpabilzando a mulher por ser assediada.

Medida aguarda sanção de Alckmin; no Ri, superlotação e falta de fiscalização torna lei inóqua

Para secretária de Mulheres da CUT-SP, Sônia Auxiliadora, as experiências do Rio, onde o vagão segregado já funciona desde 2006, e de outras cidades revelam que as mulheres continuam sendo assediadas e que a segregação não resolve, porque não educa. Segundo ela, os vagões – e os trens todos – estão sempre lotados e falta espaço e fiscalização. Os homens acabam usando o vagão de mulheres e não há fiscalização. “É preciso que homens e mulheres tenham seu direito de ir e vir sem serem desrespeitados.”

O projeto foi aprovado na semana passada na Assembleia Legislativa e segue agora para sanção do governador Geraldo Alckmin. Ouça a reportagem, feita ao vivo na estação Sé do Metrô.

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