Suspeita de estupro em universidade leva manifestantes às ruas

08 de abril, 2016

(O Progresso, 08/04/2016) Grupos também lutam por vários problemas além do machismo e do estupro que ocorreu na UFGD

O movimento feminista vem ganhando força e voz em Dourados, no território nacional e em todo o mundo, sendo que seu principal objetivo é acabar com o machismo. Devido ao caso que ocorreu na Universidade UFGD, onde uma estudante de 25 anos foi vítima de estupro não confirmado (sendo uma suspeita de estupro) e o agressor foi preso, acabou repercutindo, e logo em seguida, a Justiça o liberou devido a falta de provas, o que gerou uma grande revolta em grupos de movimentos, que acabaram indo ao Fórum protestar. Segundo informações, o próximo movimento acontecerá nesse sábado (08), das 08h às 09h que acontecerá na Praça Antonio João.

Leia mais: Tentativas de estupros perto da USP e da UFSCar deixam alunas com medo (G1, 08/04/2016)

Recentemente, informado ao jornal O PROGRESSO, que uma estudante da Universidade UFGD acabou sendo estuprada por volta das 10h desta segunda-feira (4) por um homem de 36 anos de idade, o rapaz tem passagem pela polícia por furto. A vítima teve um breve relacionamento com o acusado no ano de 2014.

Crime

Foi a mãe da jovem quem denunciou a violência sexual à polícia, na tarde de segunda-feira (4). Ela contou aos policiais que a filha chegou em casa, correu para o banho e, em seguida lavou a calcinha no tanque. A mãe estranhou a situação e viu que a calça da filha tinha manchas de sangue, então começou a desconfiar.

Em conversa com a jovem, ela primeiramente disse que uma amiga havia sido estuprada e depois falou que a vítima havia sido ela. O crime teria ocorrido nas proximidades da biblioteca, cujo prédio é dividido entre as duas universidades, cujas dependências ficam no mesmo campus.

A mulher denunciou o a suspeita de estupro e entregou à polícia as roupas com sangue e também laudos médicos que comprovam que a filha tem distúrbio neurológico e faz tratamento desde criança.

Não há relato de como o suspeito foi preso, mas ele foi detido em flagrante.

Solto

Sem flagrante, Justiça relaxa prisão, mas acusado terá que cumprir medidas cautelares e ainda poderá ser preso no decorrer das investigações e do processo

O promotor de Justiça João Linhares Júnior pediu ainda que ele seja proibido de frequentar qualquer tipo de casas noturnas e até mesmo bares, até que as investigações terminem.

De acordo com as autoridades, não houve flagrante e nem provas que autorizassem a dedução dele ter sido o autor do crime e por isso não haveria justificativa para a prisão preventiva.

Movimento

Com informações equivalentes que o homem estuprador estava solto, estudantes e uma população em geral de jovens e adultos realizaram um grande movimento na noite desta quinta-feira (07), em frente ao Fórum de Dourados (Dr João Adolfo Astolfi), que começou por volta das 18h, onde estavam pessoas importantes no movimento como Elisa de Oliveira Kuhn, que faz parte da Marcha Mundial das Mulheres.

“O movimento já existe há algum tempo, onde fazemos denuncias contra o machismo, violência contra a mulher ou qualquer forma de violência, inclusive neste mês de março, fizemos toda uma programação falando, e agindo para conseguirmos nossos direitos, estamos aproveitando o espaço na imprensa para conseguirmos mais voz, nos reunimos hoje (ontem) para trocarmos informações possuir uma visão melhor deste caso”, disse Elisa de Oliveira Kuhn.

“Queremos além de tudo o atendimento psicológico, jurídico e médico, principalmente em casos de estupro, queremos ver como é que a Rede Municipal de Enfrentamento a Violência estará recebendo a vítima, ou seja, queremos fazer um acompanhamento”, continuou Elisa que ainda informou não fazer parte da comunidade acadêmica.

“Nós lutamos pelo fim do machismo, é o machismo que vem matando e violentando a mulher e não queremos isso, temos uma visão de homem macho violento que quer resolver tudo sem conversar, nós queremos a igualdade de oportunidade dentro da sociedade”, falou.

Taise, 16 anos, estudante, que preferiu não dar sobrenome, fez um poema, que incluiu a realidade de cada mulher em Dourados e em todo o mundo, onde algumas palavras diziam que se for uma mulher, todas ficam calmas, mas se for uma rua deserta ou algum homem, a tensão já começa a dar medo.

Emanuela, militante do movimento, luta pela Marcha Mundial das Mulheres, informou que sábado (09), 08h às 09, haverá mais um grande movimento na Praça Antonio João, em entrevista, Emanuela ainda ressaltou: “O que nos move, fazendo estarmos aqui na luta, é a violência contra a mulher, vivemos em um país que a cada 15 segundos uma mulher é espancada, que mais de um milhão de aborto clandestino é feito no Brasil.”

“Queremos que o agressor pague judicialmente pelo que ele fez contra a estudante e pelo que é feito todos os dias com as mulheres do mundo, queremos que as vítimas sejam atendidas pela rede de Dourados e um nível melhor em educação e segurança, nosso inimigo número um é o machismo”, continuou.

O movimento fechou as ruas principais de frente a Praça Antonio João, onde o congestionamento cresceu por volta das 19h30min, e teve seu fim minutos antes das 20h, onde após o encerramento, policiais presentes na Praça, pediram para que o grupo tivesse uma maior cautela, pois aquilo poderia acabar com algum acidente no trânsito.

MACHISMO

Machismo é o comportamento, expresso por opiniões e atitudes, de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros sexuais, favorecendo e enaltecendo o sexo masculino sobre o feminino. O machista é o indivíduo que exerce o machismo.

Em um pensamento machista existe um “sistema hierárquico” de gêneros, onde o masculino está sempre em posição superior ao que é feminino. Ou seja, o machismo é a ideia errônea de que os homens são “superiores” às mulheres.

Neste cenário, a mulher encontra-se num estado de submissão ao homem, perdendo o seu direito de livre expressão ou sendo forçada pela sociedade machista a servir e assistir as vontades do marido ou do pai, caracterizando um tradicional regime patriarcal.

Não são apenas as mulheres que sofrem com o machismo, como forma de preconceito. Os homens homossexuais, ou mesmo os heterossexuais que se classificam como metrossexuais, por exemplo, também são alvos de exclusão na sociedade machista.

FEMINISMO

O feminismo é um movimento social, filosófico e político que tem o ideal contrário ao do machismo, pois luta pela igualdade de direitos e deveres entre os homens e as mulheres.

O movimento feminista tem como principal objetivo desconstruir o discurso enraizado na sociedade contemporânea do machismo, conscientizando as pessoas sobre a ausência de diferenças entre os gêneros.

Carlos Augusto

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