Uma mulher é vítima de violência a cada três horas, considerando o cenário em apenas oito dos estados brasileiros. Dados de um estudo divulgado nesta quinta-feira pela Rede de Observatórios da Segurança apontam que foram registrados 3.181 ocorrências do gênero nessas localidades no ano passado. O número representa um aumento de 22% na comparação com 2022, quando o Pará ainda não fazia parte do monitoramento.
O relatório mapeou casos de feminicídio (inclusive de mulheres trans), agressão física e verbal, violência sexual, cárcere privado, tortura, sequestro, dano ao patrimônio e supressão de documentos das vítimas. As estatísticas abrangem ainda os estados de Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.
Os oito estados contabilizaram um total de 586 feminicídios em 2023, o equivalente a uma média de uma vítima a cada 15 horas, aproximadamente. Em 72,7% dos casos, elas foram mortas por parceiros ou ex-parceiros. O artefato mais utilizado nos crimes são armas brancas (38,1%), como facas e tesouras, seguido das armas de fogo (23,7%).
O número de ocorrências cresceu em todos os estados analisados na comparação entre os dois anos. Pela primeira vez entre os locais mapeados, o Pará aparece na quinta posição do ranking, com 224 eventos de violência contra mulheres. Para os pesquisadores, no contexto da Região Amazônica, estão as desigualdades sociais e o garimpo, que agravam essas dinâmicas violentas.
— O intuito do estudo é abrir um ponto para reflexão tanto para a sociedade como também para os oito estados sobre aplicação de políticas de combate à violência contra a mulher. Se o número de casos está aumentando, significa que as mulheres não estão sendo protegidas como deveriam pelo Estado — pontua Bruna Sotero, pesquisadora e articuladora nacional da Rede de Observatórios.
Os dados de cada uma das oito regiões mostram São Paulo como o único estado a ultrapassar mil eventos de violência – um aumento de 20,4% ante 2022, de 898 para 1.081. Em seguida, vem o Rio de Janeiro, onde as ocorrências passaram de 545 para 621, numa alta de 13,9%. Já o Piauí é o estado que registrou a maior taxa de crescimento, quase 80%, indo de 113 a 202 casos.