(DN, 25/05/2015) As vítimas “têm sido usadas para detonar bombas ou cintos de explosivos em locais muito frequentados, tais como mercados e estações rodoviárias*”.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelou esta terça-feira que mais mulheres e crianças foram usadas como bombistas suicidas no nordeste da Nigéria nos primeiros cinco meses deste ano do que em 2014.
Em comunicado, a UNICEF declara que, segundo os relatos que analisou, em 2014 registaram-se 26 ataques suicidas, em comparação com 27 ataques até maio de 2015, sendo que em pelo menos 75% destes casos terão sido usadas mulheres e crianças.
As vítimas “têm sido usadas para detonar bombas ou cintos de explosivos em locais muito frequentados, tais como mercados e estações rodoviárias”, acrescenta aquela agência das Nações Unidas.
O comunicado refere ainda que desde julho de 2014, foram registados nove incidentes suicidas envolvendo crianças com idades aproximadas entre os 07 e os 17 anos, todas elas do sexo feminino.
“As crianças não estão a instigar esses ataques suicidas; estão a ser utilizadas intencionalmente por adultos da maneira mais horrível”, afirmou Jean Gough, representante da UNICEF na Nigéria.
“São antes de mais vítimas, não são autores”, reforçou, salientando que “muitas crianças foram separadas das suas famílias quando fugiram da violência, sem alguém para tomar conta delas”.
Jean Gough destacou que sem proteção familiar, as crianças “estão mais expostas ao risco de exploração por parte de adultos, o que pode levar ao seu envolvimento em atividades criminosas ou ligadas a grupos armados”.
A UNICEF calcula que cerca de 743 mil crianças tenham sido obrigadas a fugir das suas casas devido ao conflito, estimando que o número das que são não-acompanhadas e separadas das respetivas famílias possa chegar a 10.000.
A agência da ONU receia ainda que “a utilização crescente de crianças como bombistas suicidas” leve a que estas “passem a ser vistas como potenciais ameaças, o que poria todas as crianças associadas a grupos armados em risco de retaliação e impediria a sua reabilitação e reintegração na comunidade”.
No comunicado, divulgado na mesma semana em que está agendada a tomada de posse do novo Presidente eleito da Nigéria, Muhammadu Buhari, a UNICEF apela às autoridades nigerianas “para que coloquem a segurança e o bem-estar das crianças, em especial as que foram afetadas pela crise no nordeste do país, no centro da agenda política”.
O nordeste da Nigéria tem sido afetado pela insurgência do grupo terrorista Boko Haram, responsável por numerosos ataques violentos contra povoações e civis daquela região e nos países vizinhos.
*Adaptado do português de Portugal
Acesse no site de origem: UNICEF denuncia utilização de mulheres e crianças em ataques terroristas na Nigéria (DN, 25/05/2015)