Os dados foram levantados pela pesquisadora e autora do livro Misoginia na Internet, Mariana Valente, e apresentados na CPI da Alerj de Combate à Violência Cibernética contra a Mulher.
Cerca de 40% das mulheres que sofrem alguma violência on-line não compartilham essa informação com ninguém, incluindo familiares e amigos, e apenas 7% relatam os casos à polícia. Os dados foram levantados e apresentados pela pesquisadora e autora do livro Misoginia na Internet, Mariana Valente, durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Combate à Violência Cibernética contra as Mulheres, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realiza nesta quinta-feira (05/10), na sede do Parlamento fluminense.
O livro foi escrito com base em pesquisas realizadas entre os anos de 2012 e 2022. “Foram ouvidas cerca de 14 mil mulheres de 18 países diferentes para chegarmos a esses números. Neste levantamento identificamos que o Brasil ocupa o terceiro lugar, entre os territórios analisados, em que as pessoas declararam estar mais impactadas com a violência na internet e sentiram a sua integridade física afetada no meio virtual”, relatou Mariana, que também comanda a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (COEM).
Segundo a autora, para enfrentar o problema de misoginia na internet, é preciso discutir avanços na legislação penal e a caracterização da misoginia como um crime. “Temos alguns casos que ficam descobertos pela legislação e isso precisa ser corrigido. Mas não acho que esse deve ser o nosso único esforço. Estamos lidando com uma epidemia e precisamos olhar para as escolas para cortar os efeitos na ponta e preparar essas meninas para terem acolhimento psicológico. Temos que pensar para muito além da faixa da criminalização”, disse Mariana.
A presidente da CPI, deputada Martha Rocha (PDT), concordou que o trabalho precisa ser feito na ponta e acrescentou que os dados apresentados hoje batem com os números divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “O que a gente tem que trabalhar diante desses números são campanhas educativas para demonstrar que aquilo que aquela mulher está sofrendo é sim um crime praticado no mundo virtual. Além disso, é preciso trabalhar com o empoderamento das mulheres para que elas possam se sentir sujeitas a ir procurar a delegacia. E, por outro lado, trabalhar com os organismos dessa rede de proteção com a qualificação desses profissionais que vão receber essas mulheres”, argumentou a parlamentar.