Violência obstétrica ainda assombra mulheres, mas país avança na assistência ao parto

29 de novembro, 2021

Pesquisa da Fiocruz mostra 30% de 626 maternidades públicas oferecem atenção inadequada à mãe e ao bebê

(Folha de S. Paulo | 29/11/2021 / Por Cláudia Collucci e Mathilde Missioneiro)

PELOTAS (RS)

Durante o trabalho de parto vaginal em uma maternidade pública de Pelotas (RS), a estudante de farmácia Sabrini Ramos de Carvalho, 29, não conseguia ficar deitada. Ela explicou ao médico que sentia dores insuportáveis. “Pedi para ficar em pé ou agachada, posições mais confortáveis. Mas ele disse não, que quem mandava ali era ele.”

Com dilatação de 9 cm e fortes contrações de expulsão do bebê, indicativos de que parto estava próximo, Sabrini recebeu na veia, sem ser avisada, ocitocina (hormônio que provoca contrações no útero). Também sem informação prévia, sofreu um corte entre a vagina e o ânus (episiotomia) para facilitar a passagem do bebê.

A episiotomia tem altas chances de complicações, como sangramento e infecção. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que seja feita apenas em situações excepcionais, quando há risco para a mãe ou o bebê e, ainda assim, com aval da parturiente. “Levei muitos pontos, perdi muito sangue. Passei muito tempo na função de chorar, muito frustrada por não ter tido o parto que eu queria.”

A fisioterapeuta Ariane Nogueira, 34, também sofreu uma episiotomia sem ser avisada. “Comecei a sentir muita dor, perguntei o que estava acontecendo e falaram que estavam suturando o corte. Eu não queria ter feito, não informaram que fariam. Depois, os pontos abriram, infeccionaram.”

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