Presidente eliminou Ministério das Mulheres, acabou com secretaria de proteção contra violência de gênero e acendeu alertas dentro e fora do país
Na Argentina, onde a cada 35 horas ocorre um feminicídio, e que no último ano registrou 272 mortes de mulheres vítimas de violência de gênero, o governo de Javier Milei fechou os braços do Estado dedicados a enfrentar esse problema, enquanto avança nos cortes de verbas dos programas destinados a oferecer proteção e apoio às mulheres.
As medidas tomadas pela administração do ultradireitista nos primeiros seis meses de governo foram criticadas por organizações feministas e de direitos humanos locais e internacionais. Mas Milei e seus colaboradores parecem dispostos a aprofundar as iniciativas contra o feminismo e contra o que chamam de “ideologia de gênero”: sabem que isso lhes permite se diferenciar de seus rivais políticos e garantir o apoio de suas bases, especialmente homens jovens.
Ao lado de decisões de forte impacto simbólico, como a mudança do nome do Salão das Mulheres na Casa Rosada — anunciada no dia 8 de março, Dia da Mulher —, ou a eliminação do uso da linguagem inclusiva na administração pública, Milei dissolveu o Ministério das Mulheres, Gêneros e Diversidade. Ao assumir o cargo, em dezembro do ano passado, e como parte de suas medidas para reduzir o tamanho do Estado, determinou que a pasta fosse reduzida a uma subsecretaria de Proteção contra Violência de Gênero. Mas o órgão não chegou a 180 dias de existência, uma vez que foi fechado em definitivo na última sexta-feira. E não exatamente por ter feito um mau trabalho.