Nas eleições de 2022, homens brancos foram 33,81% das candidaturas e receberam 44% de recursos dos fundos eleitorais
Segundo o levantamento lançado pelo Observatório da Branquitude na última segunda-feira (9), entre 2018 e 2022, homens brancos foram os maiores beneficiados na distribuição de fundos eleitorais, enquanto homens negros e mulheres negras receberam valores desproporcionais ao número de candidatos.
Com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o estudo “As chances de ser eleito: branquitude e representação política” analisa a distribuição do financiamento eleitoral a partir de recortes de raça e gênero e indica que candidatos que recebem mais subsídios possuem mais chances de serem eleitos.
Segundo o Observatório, cerca de 70% do financiamento de campanha no período analisado foi utilizado com pessoas brancas, independente do gênero. Em relação aos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC) e do Fundo Partidário (FP), mais de 2 milhões de reais foram destinados à homens brancos, número que representa 44,05% do total.
Mesmo representando 30,20% dos candidatos, homens negros receberam apenas 23,42% dos recursos. Mulheres negras também receberam uma cota menor que sua participação política. Com 18,08% das candidatas, elas obtiveram somente 14,34% do financiamento.
No entanto, a tendência foi inversa com candidatos brancos. Com 33,81% das candidaturas, brancos receberam cerca de 10,24% a mais do que sua presença política. O mesmo ocorreu com as mulheres brancas, que somaram 16,30% das candidatas e receberam 17,17% do financiamento.
Os recursos destinado aos negros contrariam a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que em 2020 decidiu que os recursos para candidaturas de pessoas pretas e pardas devem ser proporcionais ao número de candidatos.
Mesmo com o aumento de candidatos autodeclarados pretos e pardos no pleito de 2022, o perfil daqueles que conseguem ser eleitos segue majoritariamente branco. Nas últimas eleições, o percentual de brancos eleitos foi de 65,54%, enquanto pardos somaram 27,12% e negros 5,08%.