O que estamos enxergando são mulheres sendo perseguidas no Legislativo, inseguras no Executivo e ignoradas no Judiciário
As mulheres conscientes deste país lutaram pela democracia. Por meio do nosso voto, derrubamos a ameaça fascista e, com isso, consolidamos a força e a vigência do Estado Democrático de Direito.
A luta feminina é e sempre foi árdua e complexa, mas estamos conseguindo vencer barreiras que há pouco pareciam intransponíveis. Elegemos parlamentares potentes para nos representar, levando nossa voz ao debate político. Fomos responsáveis pela vitória de um governo federal que trouxe como um elemento central em sua campanha o respeito às pautas identitárias. E contamos com brilhantes juristas plenamente capacitadas para compor os tribunais deste país.
No entanto, ainda assim, ao olharmos para o Estado brasileiro, o que estamos enxergando são mulheres sendo perseguidas no Legislativo, inseguras no Executivo e ignoradas no Judiciário.
Na Câmara dos Deputados, as nossas representantes estão sob o risco de serem silenciadas em razão de um absurdo processo ético-disciplinar que tem um claro viés de violência política de gênero. Sâmia Bomfim, Érika Kokay, Juliana Cardoso, Célia Xakirabá, Fernanda Melchionna e Talíria Petrone estão sendo processadas por trazerem manifestações legítimas, ao longo de sua atuação nas comissões parlamentares de inquérito (CPIs).
No Poder Executivo, as valorosas Ministras que compõem o governo estão ou já estiveram na berlinda. Outras viram seus poderes serem esvaziados por manobras políticas rasteiras. Ao longo desses sete meses, os movimentos feministas já se mobilizaram pela permanência das ministras Nísia Trindade, Ana Moser, Marina Silva, Joênia Wapichana e agora estamos aflitas por termos que reafirmar a importância da permanência das ministras Cida Gonçalves e Esther Dweck.