Assédio não tem idade: toda mulher é alvo de importunação no espaço público

30 de novembro, 2021

Cantadas ofensivas, abordagens inconvenientes, toques sem permissão e até beijo sem consentimento. Como mulheres mais velhas derrubaram o tabu de falar sobre o tema e colocam luz na relação entre o etarismo e a violência sexual

(Revista Marie Claire | 30/11/2021 / Por Graziela Salomão)

“Ainda dá um caldo.” Foi essa frase que fez Adriana Almeida parar de caminhar por alguns segundos, respirar fundo sem coragem de olhar para trás, pensar se deveria fazer alguma coisa, mas decidir seguir seu caminho segurando a raiva na garganta pelo constrangimento e, principalmente, pela agressão verbal que acabara de sofrer em relação ao seu corpo e à sua condição de mulher.

“Não vou esquecer disso nunca, mas a gente vai criando uma armadura. É abusivo e a gente passa a ter medo de todo mundo”, diz.

Assim como ela, sete em cada 10 mulheres disseram que já receberam olhares insistentes ou cantadas inconvenientes durante o deslocamento pela cidade onde moram, de acordo com uma pesquisa divulgada em outubro deste ano e realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão com apoio da Uber e da ONU Mulheres.

Quando se olha para a idade das vítimas de assédio sexual nas ruas do país, o cenário se desenha de uma forma ainda mais clara: segundo números do Instituto Datafolha divulgados em 2018, as mulheres mais jovens são as principais vítimas, 45% delas tinha entre 16 a 24 anos quando afirmou passar por alguma situação como essa. Entre as mais velhas, na faixa dos 60 anos ou mais, os números são menores, porém ainda incomodam: a média chega a 11%.

Aos 50 anos, a advogada e terapeuta sexual, que também participa como voluntária do projeto Justiceiras, que oferece atendimento e orientação à vítimas de violência doméstica, é um exemplo de como o etarismo, ou seja, o preconceito relacionado à idade, e a violência sexual caminham lado a lado. A visão do envelhecimento como algo negativo para a mulher somada à violação da liberdade, do espaço e do corpo feminino se escondem atrás de cantadas e de comentários grosseiros para reforçar esterótipos e a agressão contra as mulheres maduras.

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