(UOL, 24/01/2019 – acesse no site de origem)
O estado de São Paulo registrou 11.950 estupros no ano de 2018. Divulgado pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) às 16h desta quinta-feira (24), o índice aponta um crescimento de 7,7% ante o ano anterior, quando foram registrados 11.089 casos de violência sexual no estado. Desse total, 8.664 casos, o equivalente a 78%, foram registrados como estupros de vulneráveis. Ou seja, crianças, adolescentes, pessoas embriagadas e desacordadas. Segundo a Polícia Civil, há registros de que muitas dessas pessoas são abusadas sexualmente, inclusive, por familiares.
O número de estupros é o maior desde 2013, ano com maior registro de estupros desde que a secretaria passou a contabilizar os dados anuais, em 1996: cinco anos atrás, foram registrados 12.057 crimes do tipo. Entre os índices criminais do estado, o estupro é o único que segue em subida, mês a mês, e ano a ano.
Os registros de estupro por ano:
2018 – 11.950
2017 – 11.089
2016 – 10.055
2015 – 9.265
2014 – 10.026
2013 – 12.057
Tradicionalmente, o secretário da Segurança Pública divulga, pessoalmente, os dados criminais do estado todo dia 25. Em janeiro, se costuma divulgar um dia anterior, 24, por causa do feriado de aniversário de São Paulo, dia 25. Após a reportagem ser publicada, a SSP informou que o secretário costuma atender à imprensa, mas que, em ocasiões passadas, também não houve coletiva de imprensa.
Seria a primeira vez que o novo secretário, o general do Exército João Camilo Pires de Campos anunciaria à imprensa os dados. No entanto, a assessoria de imprensa da pasta informou que foi definido que não haveria entrevista coletiva e que os dados seriam divulgados apenas no site da SSP.
No ano passado, em meses em que o registro de estupros subia, o então secretário, Mágino Alves Barbosa Filho, afirmava que existia dificuldade na prevenção desse tipo de crime e que a crescente se daria por impulsionamento de campanhas para denúncias. Em meses em que o registro baixava, Barbosa Filho creditava o trabalho à inteligência policial, que conseguiria prevenir, afastando de perto das vítimas os criminosos.
A SSP, no entanto, afirmou que o ex-secretário Barbosa Filho, quando o número de estupros aumentava, creditava também às campanhas que apontavam a importância do registro desse tipo de crime pelas mulheres. Quando existia uma queda mensal, Barbosa Filho afirmava que aquilo não representava um índice de queda, ou seja, abaixava em um mês, mas não seguia uma tendência.
Com comandante pró-direitos humanos, letalidade policial cai
Em 2017, a PM (Polícia Militar) de São Paulo tinha como comandante o coronel Nivaldo Restivo, que esteve no Massacre do Carandiru, em 1992, e que, desde o início de 2019 é o secretário da Administração Penitenciária. Com ele à frente da PM, a corporação matou, em supostos confrontos, 877 pessoas. Juntamente com outras 63 pessoas mortas pela Polícia Civil naquele ano, as polícias de São Paulo bateram recorde na letalidade policial.
Em abril deste ano, o então governador, Geraldo Alckmin (PSDB), deixou o comando do Executivo para ser candidato a Presidente da República. Seu vice-governador, Márcio França (PSB), após assumir, trocou Restivo pelo coronel Marcelo Vieira Salles, com quem já tinha amizade e confiança. Salles é conhecido por ter perfil ligado à defesa dos direitos humanos: “PM deve proteger vidas”, diz.
Mortos pelas polícias de SP por ano:
2018 – 851
2017 – 940
2016 – 857
2015 – 798
2014 – 729
2013 – 369
O número de policiais mortos, em serviço e em folga, se manteve igual ao do ano passado: 60. Foram 52 policiais militares e 8 policiais civis assassinados. Cerca de 80% deles, durante o período de folga.
Policiais mortos em São Paulo por ano:
2018 – 60
2017 – 60
2016 – 80
2015 – 66
2014 – 91
2013 – 89
Homicídios dolosos e latrocínios (roubos seguidos de morte) também tiveram queda de 11,5% e de 17,8%, respectivamente. O registro de crimes violentos, que incluem homicídio doloso, roubo, latrocínio, estupro e extorsão mediante sequestro, caiu 13% no estado, entre 2017 e 2018. No entanto, esses crimes se mantêm acima de 335 mil casos por ano.
Luís Adorno