Contar, compartilhar convivências, denunciar: ao sofrer o assédio, falar é preciso

12 de novembro, 2021

Especialistas e representantes de canais de acolhimento a mulheres vítimas de violência de gênero explicam por que é importante verbalizar a agressão sofrida

(O Globo – Celina | 12/11/2021 / Por Redação)

A violência contra a mulher pode ser uma experiência muito solitária. Diante da agressão sofrida, o silêncio é a escolha para muitas, junto com o sentimento de que o que aconteceu é único e diferente do vivido por outras, somando-se à sensação de culpa. Especialistas no tratamento da violência de gênero, no entanto, ressaltam a importância de verbalizar a agressão sofrida, tanto em canais de denúncia apropriados como para escutas qualificadas, como de terapeutas, psicólogos e redes femininas de apoio, que podem oferecer o acolhimento necessário.

– A dificuldade da mulher falar é um resquício do lugar que nossa cultura patriarcal e machista reservou a ela: o do silêncio, o que não tem voz, o que guarda e não se incomoda. O lugar público é o lugar dos homens, o privado é o lugar das mulheres. O homem fala, a mulher escuta. E é agredida em silêncio, não se espera dela uma reação. Com a mobilização crescente dos movimentos feministas, ocupando e abrindo espaços, isso vem mudando, felizmente. Mas imagina um corpo que, ao longo da vida, é treinado para “ter modos”, para se reprimir, se sentir culpado, se anular? Ele também é um corpo em sofrimento. Um corpo e uma mente em sofrimento. E quando a mulher fala para uma escuta qualificada que pode legitimar a dor, nomeando o incômodo dessa mulher, abre-se a possibilidade para que ela possa entrar em contato com a dor e curar essas feridas. E ao falar com outras mulheres, ela amplia esse efeito – diz a psicóloga Érika Lopes, que acolhe em seu trabalho vítimas de violência de gênero de diferentes contextos.

A “ampliação do efeito” de que Érika fala vem do compartilhamento de vivências entre mulheres vítimas da violência, o que possibilita a percepção de que a origem do que acontece é algo social, estrutural e que não diz respeito a uma culpa ou responsabilidade da própria mulher.

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