‘Revitimização e estratégia misógina’: advogadas criticam exposição de mulher que acusa Daniel Alves de estupro

Pelo fim da cultura do estupro – crédito Paulo Pinto – AGPT

2º ato Por Todas Elas na Avenida Paulista, contra o estupro. Foto: Paulo Pinto/AGPT

08 de janeiro, 2024 Marie Claire Por Manuela Azenha

A mãe do ex-jogador, Lúcia Alves, fez um post nas redes sociais com fotos da vítima em festas e bares, questionando a veracidade das acusações e revelando a identidade da mulher – mantida sob sigilo judicial

A mãe de Daniel Alves, Lúcia Alves, expôs nas redes sociais na segunda-feira (01/12) a identidade da mulher que acusa o ex-jogador de estupro – mantida em sigilo judicial pela Justiça da Espanha. No post, Lúcia mostra fotos e vídeos da jovem em bares e festas nos últimos meses e questiona a veracidade das acusações.

Na Espanha, a conduta está prevista no código penal e pode ser punida com pagamento de multa e pena de prisão de 1 a 6 anos – a depender da gravidade do impacto da exposição da informação sigilosa.

Daniel Alves está preso há um ano, acusado de ter estuprado a vítima no banheiro de uma boate em Barcelona.

Segundo a advogada criminalista Maira Pinheiro, parte do time de acusação do ex-BBB Felipe Prior, a exposição da imagem da mulher no caso de Daniel Alves não serve como prova para auferir existência de um trauma após uma suposta violência sexual.

“Impacto emocional se mede com laudo de psicólogo e não com post de Instagram. Essa conduta é ilícita e estaria sujeita a punição no âmbito criminal brasileiro pela violação do sigilo de uma informação de um processo em segredo de justiça, e também no âmbito cível, com indenização por danos morais e materiais”.

A advogada Maira Fernandes alega que a ação é uma revitimização da mulher que acusa Daniel Alves. “Ao divulgar a foto, a mãe do jogador faz um julgamento de que, se está se divertindo em festas, não foi vítima. Um crime sexual não impede a vítima de viver livremente. Essas informações de cunho moral pouco importam para a defesa de crime sexual”, diz Fernandes, que atuou na defesa do jogador Neymar, também acusado de estupro.

“É preciso ter cuidado redobrado com a questão do sigilo quando se trata de um crime sexual. Justamente por isso que muitas mulheres deixam de fazer registro de ocorrência, porque não querem ter a identidade publicada, a exposição. Muitas vítimas ficam com vergonha, receio”, continua.

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