(Radioagência Nacional, 18/05/2016) Sob a inspiração do tema da campanha Faça Bonito, Viva Maria pede emprestada a aquarela de Toquinho para desenhar a flor amarela que remete à lembrança dos desenhos da primeira infância e é símbolo desta campanha do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. O objetivo é mobilizar diferentes setores da sociedade, governos e mídia sobre a urgência da proteção dos direitos de meninas e de meninos.
Que a luz do sol amarelo de Toquinho avive a memória da população brasileira sobre um crime bárbaro, que há mais de 40 anos chocou nosso país. Falo do “Crime Araceli”, que aconteceu 18 de maio de 1973, em Vitória (ES). Na ocasião, a menina Araceli, de oito anos, foi raptada, drogada, violentada, morta e carbonizada por jovens de classe média da cidade, que nunca foram punidos. Daí a importância do 18 de maio.
Dia de lembrar também com um jardim repleto de flores amarelas da amiga Neide Castanha, considerada a esquina da luta pelos direitos humanos. Uma luta que nós tivemos o prazer de acompanhar muito de perto. Já que Neide era uma espécie de colaboradora desse nosso programa que eu tenho a honra e o prazer de produzir e apresentar através das ondas sonoras dessa nossa emissora.
Viva Maria, por seu compromisso com os direitos das mulheres, da infância e da juventude, esteve lado a lado de Neide Castanha em inúmeras oportunidades. Além da saudade, tenho guardada na memória a nossas lutas, os dias de dor e os dias de festa também quando comemoramos um dos aniversários do nosso Viva Maria com a presença das meninas da Colmeia no auditório da Rádio Nacional de Brasília, na apresentação da peça o Acórdão dos Bonecos. E quem testemunhou a ousadia dessa experiência foi a atriz Maria Rita Freire Costa, que hoje, vive em Recife, de onde conversa com a gente para reviver outros detalhes desse momento e também a memória de Neide Castanha. Ô saudade!
Neste Dia Nacional de Combate à exploração de Crianças e Adolescentes, impossível deixarmos de cobrar a responsabilidade de todos nós pela omissão e pelo silêncio que convive com um número surpreendente de violações de direitos e infrações às leis de proteção à infância e juventude em nosso país, principalmente em programas policialescos de rádio e TV.
Pra que tenhamos a dimensão do problema, a partir de uma pesquisa realizada pela ANDI – Comunicação e Direitos, que foi lançada nacionalmente na última segunda-feira, em meio digital, e aina hoje(18), na PUC – Goiás, a pesquisa vai ser apresentada na conferência de abertura do Intercom Centro-Oeste 2016. Vale dizer que em apenas 30 dias, narrativas de rádio e TV promoveram 4.500 violações de direitos, cometeram 15.761 infrações a leis brasileiras e desrespeitaram 1.962 vezes normas autorregulatórias, como o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.
Alguma coisa a gente pode e precisa fazer pelo fim dessa violência inominável. Em memória à menina Araceli, à Neide Castanha e a todas as pessoas que ainda não perderam a capacidade de se indignar contra a violência covarde que vítima de forma tão dramática a infância brasileira.
Acesse no site de origem: Viva Maria: Programa lembra símbolo do Dia de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes (Radioagência Nacional, 18/05/2016)