Foram registrados 1.445 casos este ano, em comparação com uma média de mais 5.400 nos anteriores, segundo estatísticas da MundoSur; presidente da organização alerta para descaso dos Estados
(O Globo | 06/10/2021 | Por Thayz Guimarães)
Entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados ao menos 1.445 casos de feminicídio na América Latina, em comparação com uma média superior a 5.400 nos dois anos anteriores, segundo estatísticas da organização civil franco-argentina MundoSur. Mas a diferença não significa que os números estejam diminuindo de fato. A região vive um “apagão” de dados sobre crimes de ódio contra mulheres por razões de gênero, com informações incompletas, desatualizadas ou mesmo inexistentes na maioria dos países, um quadro que se agravou durante a pandemia da Covid-19.
— Os dados sobre feminicídio na América Latina e Caribe são pouco confiáveis quando se trata dos Estados, porque inexiste uma padronização dos processos de coleta e tratamento das informações — afirma Eugenia D’Angelo, presidente da MundoSur, responsável pela iniciativa inédita Mapa Latino-Americano de Feminicídios. — O Brasil, por exemplo, nunca foi muito promissor nesta área, mas nos últimos anos, especialmente durante o governo [de Jair] Bolsonaro, houve forte recuo.
Ainda segundo ela, o mesmo se dá em países como Porto Rico, Venezuela e Nicarágua, especialmente no contexto da pandemia, em que os atendimentos de prevenção a mulheres vítimas de violência de gênero acabaram sendo relegados a um segundo plano, apesar dos alertas das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a pandemia aumentou ainda mais a exposição das mulheres à violência em razão de medidas como quarentenas e interrupções de serviços essenciais