Com denúncias em queda durante a pandemia, faixa etária chegou a 60,6% dos casos
(Folha de São Paulo | 25/10/2021 / Por Patricia Pamplona e Mathilde Missioneiro)
“Eu tinha um ódio tão grande”, lembra Nair, 41, ao relatar os abusos sexuais de seu tio, que começaram quando ela tinha 12 anos. “Virei a filha rebelde e comecei a me prostituir.”
Carolina, 31, era um ano mais nova do que Nair quando seu padrasto começou os abusos, que só pararam quando ela tinha 15 e fugiu de casa. Com um filho de 3 anos, ela voltou a dividir o teto com o abusador, que continua casado com sua mãe. “É complicado.”
Nair e Carolina (que pediram para ter sua identidade protegida) se somam às dezenas de milhares de vítimas de estupro no Brasil —as mulheres são 86,9% de todos os casos registrados no país. Assim como as duas, 85,2% delas conheciam o autor do abuso e 60% foram agredidas dentro de casa, com menos de 19 anos.
Entre as crianças de até quatro anos, vai a 70% o total dos crimes cometidos na própria residência.