Para parlamentar do PSOL, ‘não é intensidade que define assédio’
(Folha de S. Paulo | 12/11/2021 / Por Rogério Gentile)
O deputado estadual Fernando Cury (Cidadania), denunciado sob acusação de ter importunado sexualmente a deputada Isa Penna (PSOL) no plenário da Assembleia Legislativa em dezembro de 2020, afirmou à Justiça que deu um abraço “superficial” e “fugaz” na parlamentar.
Cury, que retomou no dia 6 de outubro o seu mandato após ter sido afastado por seis meses do Legislativo pelos colegas, em votação unânime, afirmou que não teve a intenção de prejudicar ou constranger Isa Penna e que não cometeu assédio sexual. “Nunca houve apalpação de partes íntimas, nunca houve apalpação dos seios, nunca houve encoxada.”
Procurada pela coluna para comentar as declarações, Isa Penna disse que tudo foi muito rápido, pois logo reagiu. “Assim que vi o vídeo, entendi o que tinha acontecido. Não é a intensidade do toque que determina se uma mulher foi assediada ou não”, afirmou. “A palavra certa é assediada. Não existe categoria no assédio que nos diga qual é a intensidade necessária para se chamar um assédio de apalpo ou toque. Isso tudo é lamentável.”
Mario Luiz Sarrubbo, procurador Geral de Justiça de São Paulo, afirmou na denúncia que Cury “agiu com clara intenção de satisfazer sua lascívia”. Disse que o parlamentar praticou atos que “transcenderam o mero carinho ou gentileza, até porque não tinha nenhuma amizade, proximidade ou intimidade com a vítima”. De acordo com o procurador, “ele violou o seu dever funcional de exercer o mandato com dignidade”.
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