Brasil ocupa 5º lugar no ranking mundial de uniões desse tipo, apesar de grande subnotificação
(Folha de S. Paulo | 13/12/2021 | Por Fernanda Mena e Mathilde Missioneiro)
“Tinha muitas coisas para eu fazer, e eu não quis. Não tinha cabeça, não queria ser nada da vida. Nunca tinha pensado em ser isso ou aquilo.” Aos 20 anos, sete deles dedicados a um companheiro oito anos mais velho que ela, Milena (nome fictício) avalia que hoje faria outras escolhas que não a de viver, ainda aos 14 anos de idade, como se fosse casada.
Seguindo o roteiro típico de meninas envolvidas em casamentos precoces, Milena largou os estudos, se isolou numa rotina de cuidados e afazeres domésticos, engravidou.
Nunca havia tido aulas de educação sexual na escola de um bairro pobre de Belém (PA), onde frequentou metade do ensino fundamental. Por isso, mesmo mantendo relações sexuais desprotegidas havia meses, ela diz ter ficado surpresa ao ser informada de que estava grávida.