Alvo de julgamentos pela sociedade, renúncia à queixa contra agressor envolve fatores emocionais e até financeiros
(Diário do Nordeste | 14/12/2021 | Por Theyse Viana)
“Quer aparecer”, “quer prejudicar o cara”, “é porque gosta de apanhar”. Quando uma mulher sofre agressão e resolve retirar a queixa contra o autor, todos os dedos voltam-se a ela. Os motivos para isso, porém, são inúmeros – vão do medo à dependência, como pontuam especialistas ligadas à rede de proteção à mulher no Ceará.
Daciane Barreto, coordenadora da Casa da Mulher Brasileira (CMB), cita que a dificuldade de romper o ciclo da violência, diante das dependências emocional e financeira, por exemplo, é uma das razões mais frequentes para que as vítimas não sigam com a denúncia.
“A sociedade patriarcal não produz estrutura suficiente, políticas públicas nem transformações culturais que propiciem que elas sigam em frente. Tem a questão financeira, a dependência psicológica, a afetiva. É uma série de ingredientes. É muito fácil quem está de fora julgar”, alerta Daciane.
A coordenadora da CMB destaca ainda a opressão familiar como um dos motivos para vítimas retirarem as queixas contra os agressores. “É muito comum elas falarem que a mãe do agressor chorou, pediu que não denunciasse, porque o filho seria preso. Tem casos com filhos pequenos envolvidos. A mulher recua diante de tudo isso.”
A mulher não retira a denúncia porque gosta de estar com o criminoso. É preciso acolhê-la, para que ela se sinta segura e confiante com relação ao que vai enfrentar.
Onde buscar ajuda
- Casa da Mulher Brasileira – Rua Tabuleiro do Norte, S/N. Bairro Couto Fernandes, Fortaleza, Ceará. Telefone: (85) 3108-2999
- Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher
- 190 – Polícia Militar