Em vez de evitar o tema, políticos começaram a associar o tema a questões econômicas e de saúde
Durante meses, as eleições legislativas dos EUA pareciam ter como temas principais o aumento dos preços, preocupações com a segurança pública e temores de uma recessão iminente. Mas outra questão determinante mostrou-se quase tão poderosa para os eleitores: o direito ao aborto. Na primeira grande eleição desde que a Suprema Corte derrubou a garantia ao direito constitucional vigente desde 1973, o tema levou democratas à vitória na Virgínia, Minnesota, Michigan e Novo México.
Eleitores em três estados — Califórnia, Vermont e Michigan — decidiram proteger o direito ao aborto em suas constituições estaduais na última terça. Em um quarto, Kentucky, um bastião conservador e lar de Mitch McConnell, líder republicano no Senado, os eleitores rejeitaram uma emenda que afirmava que a Constituição estadual não garantia o direito ao aborto.
Por décadas, a questão funcionou unindo a base republicana e os oponentes à interrupção à gravidez com muito mais intensidade do que aqueles que defendiam o direito ao aborto. Evangélicos e católicos conservadores muitas vezes votavam pensando no tema, mesmo que isso significasse comprometer outras prioridades.