O período eleitoral é uma maratona para todos os candidatos. É aquele curto período de tempo em que se usa toda a sua energia —e, muitas vezes, dinheiro— para se realizar um sonho, missão, vontade. Seja qual for o motivo, é um momento intenso, exaustivo e que pode ser também extremamente emocionante. No entanto, para as mulheres —sobretudo as mulheres negras, LBTQIA+, indígenas, quilombolas, PCDs, mães—, essa experiência pode ser traumatizante.
Isso porque o sistema político eleitoral é construído historicamente de forma a priorizar certos grupos e negligenciar outros. Aqueles que representam hoje a maioria dos eleitos —homens, brancos, rico— recebem mais dinheiro, apoio político e validação dos partidos, além de serem privilegiados pela própria estrutura e não serem nem vítimas de racismo e nem de machismo ou misoginia, enquanto os demais —que correspondem à maioria da população, mas são lançados à margem— ficam com as promessas não cumpridas, o subfinanciamento, o abandono, o racismo, o machismo, a misoginia e a LBTQIA+fobia.
Quando falamos de mulheres na política, especialmente aquelas que pertencem aos grupos historicamente marginalizados, estamos lidando inevitavelmente com a violência política de gênero e raça. Esse tipo de violência tem como intuito desencorajar as mulheres de seguirem na vida política, impondo a ideia de que esse lugar não é o delas. Essa violência toma forma de inúmeras maneiras, que vão desde ataques verbais e nas redes sociais até casos de violência física, ameaças e perseguições.