Era madrugada de 28 de setembro quando Bruna*, 29, sentiu as primeiras contrações do que seria o parto de seu terceiro filho. A alegria pela chegada de mais uma criança misturava-se ao medo e à angústia por não saber se chegaria ao hospital a tempo: Bruna estava presa na Penitenciária Feminina da Capital, no bairro do Carandiru, em São Paulo, onde cumpre pena por tráfico de drogas.
Cerca de uma hora e meia depois, às 4h45, ela deu à luz um menino. Como não havia escolta policial disponível para acompanhá-la, uma exigência para deslocar pessoas sob custódia, o bebê acabou nascendo na cela mesmo, com ajuda de outras presas: elas deitaram a mulher num colchão e retiraram o bebê da bolsa com a unha. “Meu filho já estava roxinho.”
Universa passou uma tarde na nova ala materna da Penitenciária Feminina Sant’Ana, na zona norte de São Paulo, acompanhando a rotina de quatro mulheres que acabaram de dar à luz ou despediram-se recentemente de seus bebês.