Em 2022 estivemos praticamente abandonadas pelo governo federal que reduziu, ainda mais, os investimentos em políticas públicas de proteção às mulheres e não fomentou qualquer programa de geração de emprego e redução da inflação, dois pesadelos que atingem diretamente a população feminina. O Congresso Nacional, por sua vez, parece se lembrar de nossa existência apenas para tentar controlar, mais ainda, nossos corpos com o abjeto Estatuto do Nascituro, que tenta restringir o acesso ao direito ao aborto.
Pedro Guimarães foi demitido da presidência da Caixa e responde a processos judiciais por assédio sexual; os deputados estaduais Arthur do Val, de São Paulo, e Gabriel Monteiro, do Rio de Janeiro, foram cassados e o último está preso, após grande pressão popular, principalmente feminina.
Também acompanhamos o caso da menina de Santa Catarina, que teve o pedido de aborto negado mesmo com uma gravidez advinda de um estupro. Novamente, a pressão pública garantiu um direito feminino e dessa vez de uma criança. Foi graças a enfermeiras mulheres que a carreira do predador sexual e anestesista Giovanni Bezerra foi interrompida. Elas foram as responsáveis por filmá-lo estuprando uma paciente durante uma cesárea, o que o levou a uma prisão em flagrante e um julgamento que ainda está em curso.
Além disso, as mulheres ainda enfrentam a exclusão do mercado de trabalho, consequências do que começou em 2020 após o fechamento das escolas no primeiro ano da pandemia. Sim, sem escolas, as mulheres foram forçadas a deixar seus trabalhos e empregos para cuidarem das crianças. Segundos do IBGE, enquanto o desemprego tem taxa de 7,5% entre os homens, esse índice é de 11,6% entre as mulheres.
Uma das artimanhas do machismo estrutural é nos aprisionar numa condição reativa a absurdos, tolhendo nossa criatividade e nossa energia produtiva para as mudanças que precisamos.