Corpas Trans na USP une docentes e estudantes transgêneros em prol da garantia de direitos dessa população na principal instituição de ensino superior do País
Entender, quantificar, acolher e dar voz às pessoas travestis e transexuais que fazem parte da vida acadêmica na Universidade de São Paulo. É com esse objetivo que nasceu o Corpas Trans na USP, grupo de pesquisa criado no final de 2021 por docentes e estudantes da principal instituição de ensino superior, onde o acesso e a convivência da população transgênera, assim como em boa parte do Brasil, ainda enfrenta percalços e desafios.
Fundado através de um edital da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária em parceria com o Santander, o grupo tem hoje 14 membros, dentre os quais dois são docentes e o restante são estudantes matriculados na graduação ou na pós.
A ideia surgiu a partir do encontro de Gabrielle Weber e Silvana Nascimento, professoras de Álgebra Linear e Antropologia que dividiam não só as experiências de pessoas trans na academia, mas a curiosidade sobre a falta de dados do acesso precário que essa população tem ao ensino superior e, mais especificamente, na própria USP.
“A população trans tem uma série de problemáticas na USP”, diz Gabrielle, subcoordenadora do grupo. Aos 39 anos e alocada na Escola de Engenharia de Lorena, conta que “nunca mais saiu” da universidade desde que começou sua trajetória como estudante, em 2002.
“Conhecemos alguns alunos trans e sabíamos que eles enfrentavam problemas como respeito ao nome social e acesso a espaços segregados por gênero. Mas uma coisa é vivenciar na pele, outra é saber a situação com dados que possamos usar para chegar aos reitores.”