Desde o assassinato de Marielle Franco, país avançou em legislação contra violência política, mas a lei não garante proteção às vítimas
No começo do mês, ao menos quatro vereadoras de diferentes cidades de Santa Catarina foram ameaçadas de morte, após se solidarizarem com a parlamentar Maria Tereza Capra, que teve seu mandato cassado após repudiar um gesto semelhante à saudação nazista. As ameaças via e-mail se estenderam à própria parlamentar destituída. As autoridades ainda investigam o caso, oferecendo pouca ou nenhuma proteção às vítimas de violência política.
“É um momento crítico, que demonstra um enfraquecimento, não só da democracia, mas das nossas instituições enquanto lugares seguros para as parlamentares. Eu tenho um objetivo, que acredito ser comum com as outras vereadoras: estou organizando esta mobilização para que possamos protagonizar o combate à violência contra as mulheres e a violência política, em especial aqui no estado. Não queremos que outras mulheres olhem para esse episódio, se assustem, e não queiram estar aqui”, afirma Giovana Mondardo, uma das vereadoras vítimas de violência do município de Criciúma, sul de SC.
As legisladoras que receberam e-mails com ameaças e ofensas racistas, misóginas, lesbofóbicas e gordofóbicas foram Ana Lúcia Martins (PT) de Joinville, Carla Ayres (PT) de Florianópolis, Giovana Mondardo (PCdoB) de Criciúma, Maria Tereza Capra (PT) de São Miguel do Oeste e Marlina Oliveira (PT) de Brusque. As cinco têm em comum a trajetória política vinculada à defesa dos direitos humanos, de grupos minorizados como a população negra, periférica, LGBTQIA +, etc.