Entre mulheres que abortam, proporção é maior entre indígenas, segundo Pesquisa Nacional do Aborto 2021. Gênero e Número detalha os números e conversa com Débora Diniz, uma das coordenadoras da pesquisa
Dados da Pesquisa Nacional de Aborto (PNA), de 2021, mostram um declínio nas hospitalizações após a interrupção voluntária da gestação. Em 2010, 55% das mulheres que realizaram um aborto foram hospitalizadas, enquanto em 2021 a proporção caiu para 43%. A proporção de mulheres que usaram medicamentos para realizar o aborto também caiu no mesmo período, de 48% para 39%.
A PNA realizou amostra apenas com pessoas identificadas como mulheres, para efeitos de comparação com o Censo, mas o aborto é um evento obstétrico comum na vida de todas as pessoas com capacidade de gestar, de todos os credos e classes sociais no Brasil.
Segundo Débora Diniz, antropológa, professora da Universidade de Brasília e uma das autoras da PNA, a estimativa é de que meio milhão de abortos tenham ocorrido no país em 2021.
Criminalizar o aborto é criminalizar uma necessidade de saúde, é perseguir, punir, mandar para a clandestinidade, para a insegurança, para o risco. O aborto é uma necessidade de saúde definida pela Organização Mundial da Saúde e políticas de saúde global”, destaca Diniz.
A antropóloga avalia que o número de abortos reduziu em países nos quais houve a descriminilização justamente porque a questão sai das delegacias e vai para o sistema de saúde. A partir deste momento, pessoas que com capacidade de gestar podem ter acesso a planejamento familiar e reprodutivo, acesso a métodos contraceptivos e acolhimento em casos de violência. Essas políticas públicas ajudam a prevenir um segundo aborto, afirma.