Na última semana, quando viajava para participar de um seminário no Pará, Luciana Temer foi abordada pela passageira a seu lado no avião. Depois de conversar amenidades, ao saber que Luciana é presidente de uma organização que combate a violência sexual contra crianças e adolescentes, a desconhecida contou sua própria história: aos 11 anos, foi estuprada pelo padrinho de seu irmão, um coronel muito conhecido na cidade; sua mãe não acreditou nela e o crime —que ocorreu mais de uma vez— ficou impune.
Desde que se tornou a voz que representa o Instituto Liberta na divulgação da causa, a ativista escuta constantemente casos parecidos. “Acontece direto. Todo mundo tem uma história para contar”, diz.
Sua percepção é corroborada pelas estatísticas: a cada hora, quatro meninas com menos de 13 anos são estupradas no Brasil. São elas as vítimas mais frequentes desse tipo de crime (61% dos casos); 86% dos agressores são conhecidos das vítimas