Discurso de ódio faz parte do cotidiano das redes sociais hoje, mas o que muitos estudos vêm apontando é que grupos minoritários sofrem mais
Foi, no mínimo, irônico que, no mês de comemoração do Dia Internacional da Mulher, as manchetes e as redes sociais tenham sido tomadas por discussões sobre grupos misóginos e seus ataques às mulheres.
O debate foi disparado pelas ameaças do coach de masculinidade Thiago Schutz para a atriz Livia La Gatto, que havia ironizado nas redes sociais o preconceito e o ódio proferido por ele e outros que aderem aos movimentos masculinistas como red pills.
Fazendo referência ao filme “Matrix”, a ideia dos red pills é a de que, ao optarem pela pílula vermelha, eles estariam abrindo mão das ilusões sociais e, assim, estariam acordando para a verdadeira realidade que vê as mulheres como grandes vilãs da sociedade.
Reforçando estereótipos misóginos, segundo essa visão masculinista, as mulheres são interesseiras, aproveitadoras e, por isso, deveriam se manter em seu lugar de sujeição aos homens.
Sabemos que o discurso de ódio é algo que faz parte do cotidiano das redes sociais hoje, mas o que muitos estudos vêm apontando é que grupos minoritários sofrem mais do que outros.
De acordo com as denúncias recebidas pela ONG Safernet, 67% das vítimas de discurso de ódio em ambientes digitais são mulheres e 59% são pessoas negras. Quais são os fatores do ecossistema digital brasileiro que nos ajudam a compreender a amplificação desse ódio direcionado às mulheres online?