A atenção aos nossos ciclos biológicos, como menstruação e fertilidade, também é uma ferramenta importante na luta por equidade de gênero na esfera privada e dentro das políticas públicas. A gente explica tal relação a seguir
“Hoje é um dia histórico de progresso nos direitos feministas”, escreveu no Twitter a ministra da Igualdade da Espanha, Irene Montero, no último 16 de fevereiro. Por 185 votos a favor contra 154 negativos e três abstenções, a Espanha acabava de aprovar a chamada licença-menstrual, lei que permite que pessoas que menstruam se ausentem do trabalho sem serem descontadas em caso de cólicas fortes. Assim, o país se tornou o primeiro da Europa a reconhecer tal afastamento em razão de um ciclo de saúde pessoal como direito de quem vive o período.
Eles não são os primeiros, entretanto. Desde 1947, a formalização já existe no Japão, por exemplo. Fato é que se trata de um movimento alinhado à ideia de que se atentar para os ciclos biológicos pode ser uma forma não só de emancipação, mas também mais um mecanismo capaz de ajustar desigualdades de gênero.
A explicação é simples: muitas mulheres e homens trans enfrentam os mesmos desafios ao tentar conciliar os ciclos reprodutivos e de saúde com a vida social e profissional. Soa dramático, mas a verdade é que questões muito comuns, e com consequências diretas no bem-estar, ficam restritas ao ambiente privado envoltas de vergonha e até nojo. Embora naturais, menstruação, fertilidade e gravidez, perimenopausa e menopausa são assuntos tabus, pouco discutidos em público, ainda que atinjam grande fatia de uma empresa ou de um país. Quando falamos ainda em redesignação sexual e direitos reprodutivos, a pauta escala.