“Se falamos de trends de ‘garotas limpas’ que não tem mulheres negras, indígenas e não-brancas, o que dá a entender é que essas mulheres não são limpas”, diz cientista social
“Coisas que passam um ar de sujeira”, “Clean girl aesthetic”, “Me mande uma mensagem anônima”, “Coisas que não são elegantes”. Todos os dias, novas trends surgem na internet e engajam milhares de pessoas nas mais diferentes redes sociais. Estimativas do Google mostram que os conteúdos viralizados nunca alcançaram popularidade tão rapidamente quanto nos últimos anos, em especial devido à pandemia que obrigou boa parte da população mundial a ficar em casa.
Não é possível identificar a raiz exata das trends, mas há uma máxima: elas normalmente não valorizam a estética e a cultura negras. Existem, inclusive, várias que podem fomentar ataques racistas, como a popular opção de “me mande uma mensagem anônima”, recentemente viralizada no Instagram.
“Vi todo mundo da minha sala fazendo e achei que poderia ser divertido. Quando abri a caixinha para ver o que tinham me mandado, havia vários xingamentos de ‘macaca’, ‘cabelo de bombril’, ‘vai lavar a pele com água sanitária’ ou ‘volta para a África’. Fiquei horrorizada”, conta a estudante Michelle Aparecida, de 17 anos.
Trends de internet não são feitas para mulheres negras
Apesar de vinda da estética de mulheres negras, uma das trends que foi apropriada e logo passou a excluir a feminilidade preta é a “clean girl aesthetic” (estética de garota limpa, na tradução livre), que mostra um visual mais natural, sem tanta maquiagem e com o rosto mais exposto devido ao cabelo preso para trás.