Diretora do Grupo FUSA, que oferece serviços ligados à saúde sexual e reprodutiva na Argentina, a ginecologista Sandra Vázquez fala a Marie Claire sobre necessidade de rever a visão sobre aborto no Brasil, explica como ter acesso e reforça importância de falar do tema sob ótica de saúde pública. ‘Queremos mostrar como estamos avançando na Argentina; aqui, ninguém mais morre’
Desde que descriminalizou o aborto em todos os casos em dezembro de 2020, a Argentina se tornou um destino de esperança para mulheres de regiões próximas que querem fazer o procedimento, mas estão em territórios com leis restritivas. Desde então, organizações civis passaram a atender não apenas as hermanas argentinas, como abriram as fronteiras para receber mulheres de países vizinhos para conseguirem ter acesso a aparatos de saúde reprodutiva e sexual.
Isso inclui as brasileiras que querem interromper uma gravidez, mas não se encaixam nos cenários de aborto legal – gestação decorrentes de estupro, de risco de vida à pessoa gestante ou de feto anencéfalo. Um dos centros de saúde argentinos ao qual as brasileiras podem recorrer é o Grupo FUSA, organização que oferece, além da interrupção de gravidez, acesso a equipes multidisciplinares e uma vasta gama de serviços – desde métodos contraceptivos à educação sexual integral.
Estender o atendimento a mulheres de outras regiões da América Latina é uma das prioridades da diretora-executiva da iniciativa: a ginecologista especializada no público infanto-juvenil Sandra Vázquez, que há 30 anos atua em prol do acesso à saúde de qualidade, com perspectiva de gênero e atendimento humanizado. Participante de diversos conselhos oficiais de direitos reprodutivos, ela se tornou uma voz respeitada no assunto – além de ter feito parte das manifestações que pediam pela legalização do aborto e acessibilidade a ferramentas que permitem que as pessoas decidam sobre seus próprios corpos.