A ativista Joyce Banda, vice-presidente do Maláui, assumiu o governo após o anúncio oficial da morte do presidente Bingu Mutharika, 78. É a primeira mulher a ocupar o cargo no país africano. Além de advogada, Joyce é uma proeminente ativista dos direitos das mulheres e defensora da educação.
(Terra) Joyce Banda, vice-presidente do Malauí, condenada ao ostracismo pelo presidente Bingu wa Mutharika, se transformou na primeira chefe de Estado do país africano após a morte de seu antecessor aos 78 anos.
Por causa de lutas internas dentro da legenda, Banda foi expulsa do Partido Democrático Progressista (PDP) pelo próprio Mutharika. A intenção do então presidente era colocar seu irmão, Peter Mutharika, na linha de sucessão do governo.
Dessa forma, Banda tem agora a difícil tarefa de lidar com um gabinete que até o último momento tentou separá-la do poder e carece de representação no Parlamento. A nova presidente do Malauí tem, aos 62 anos, uma ampla experiência nas tarefas de governo. Graduada em Educação Infantil e ativista na defesa dos direitos da mulher, Banda foi ministra de Gênero, Bem-Estar Infantil e Serviços Comunitários durante o primeiro mandato de Mutharika, até que assumiu a pasta das Relações Exteriores em 2006.
Após as eleições de 2009, nas quais Mutharika foi reeleito, Banda foi nomeada vice-presidente da República do Malauí, cargo que ocupou até sua posse como chefe de Estado. No entanto, em 2010, Joyce Banda, que até então tinha ocupado um posto proeminente no PDP, rompeu definitivamente com o partido e foi expulsa da formação por “atividades contrárias ao partido”.
O presidente a excluiu dos conselhos ministeriais e tentou tirá-la da vice-presidência, mas sem sucesso. Banda permaneceu no Parlamento e fundou sua própria organização, o Partido do Povo (PP), pelo qual deverá concorrer às eleições previstas para 2014.
Nascida na localidade de Malemia, Banda adquiriu aos 25 anos sua consciência política dentro do movimento feminista do Quênia, onde conseguiu forças para abandonar um casamento marcado por abusos e maus-tratos.
Antes de iniciar sua carreira em Administração, ela criou em 1997 uma fundação que leva seu nome com o dinheiro obtido de um prêmio que ganhou pelo Fim da Crise de Fome na África, outorgado pela organização americana Projeto Contra a Fome. A nova presidente também fundou, em 1990, a Associação Nacional de Mulheres Empreendedoras, que atualmente conta com uma rede de 70 mil negócios na mão de mulheres.
A popularidade de Banda aumentou a partir de julho de 2011, quando o governo de Mutharika respondeu com extrema austeridade um protesto pela alta de preços e a falta de combustíveis e moedas estrangeiras. Os confrontos entre a polícia e os manifestantes deixaram 18 mortos, e muitos malauianos não relacionaram o episódio à imagem da vice-presidente, já afastada do governo.
Da mesma forma, a crise provocada após a morte de Mutharika junto com as manobras de vários ministros para separá-la do poder em favor do irmão do presidente, acabaram aumentando a popularidade dela. A posse de Banda, que possui constitucionalmente o direito de substituir Mutharika, deu aos malauianos um respaldo de ordem democrática no país, só instaurada em 1994 depois de 30 anos de ditadura.