(Lívia Machado, do Portal G1) ‘Até que a morte nos separe’ estreia nesta terça (10) no canal pago A&E. Um dos episódios mostra entrevista exclusiva com o goleiro Bruno.
Crimes passionais que ocuparam os noticiários do Brasil em diferentes épocas subsidiam a nova série do canal pago A&E. Em tom documental, os produtores tentam reconstruir as supostas histórias de amor que antecederam e resultaram em assassinatos.
Para Giuliano Cedroni, criador e produtor, a série aborda, em primeira instância, o romance. “A proposta é mostrar diferentes casais, com enredos amorosos variados e contar, através de fatos conhecidos e novos, de que forma isso terminou em morte.”
Os demais narram a morte de mulheres, como o ocorreu com Sandra Gomide (ex-namorada do jornalista Pimenta Neves), Eloá Cristina Pimente (ex-namorada do estudante Lindemberg Alves), Ana Elizabeth Lofrano (ex-mulher de José Carlos dos Santos) e Patrícia Aggio Longo (ex-mulher de Igor Ferreira da Silva).
Mesmo sem intenção direta, a série mostra o ranço machista da sociedade brasileira – a maioria dos crimes passionais já registrados foi cometida por homens. Não à toa, os criadores acreditam que a série deverá agradar a um público feminino, ávido por justiça e compreensão dos fatos. Segundo pesquisa prévia feita pelo canal, as mulheres têm mais interesse neste tipo de entretenimento do que os homens.
“Não fizemos uma série para mulheres, mas sabemos que é um assunto querido por elas. Os homens ficam mais na superfície desses temas, não fazem questão de entender”, explica Krishina Matton, produtora executiva do A&E.
Notoriedade, classes sociais distintas, diferentes regiões do país e os perfis dos casais pautaram a seleção dos personagens da primeira temporada. Krishina, que não revela os custos da série, produzida durante dois anos, acredita na continuidade do projeto. “Temos material para mais duas temporadas, a expectativa é grande.”
Detetive
“Os documentários em séries de televisão são mais objetivos, técnicos. O tema passional foi o gancho que queríamos para amolecer e propor uma nova estrutura. Não julgamos os personagens, apenas questionamos o que já foi feito”, defende Eduardo Rajabaley, diretor da série.
Para evitar a estética tradicional usada ao narrar assassinatos, os criadores reconstruíram os crimes através de recursos de animação. O lado mais macabro dos episódios fica limitado à voz do apresentador Luiz Carlos Miele, responsável por contar as histórias.
“Reconstruir crimes de uma forma bem feita, com atores, cenários, tem um custo altíssimo que não tínhamos condições de bancar. A animação foi uma saída inteligente e bonita, que manteve a qualidade do projeto e ainda deu um toque retrô”, explica Rajabaley.
Tão longe, tão perto
Na visão do diretor, os depoimentos de juristas e psicanalistas forenses dissecam o enredo e eliminam a visão maniqueísta dos casos. “Acreditamos que o jornalismo tenha uma visão muito imediatista na cobertura desses crimes. Oferecemos a oportunidade de analisar a história sobre múltiplos pontos de vista.”
Usar a realidade como mote da ficção é a premissa para atrair audiência, mas a série também tem sua função social. Ao requentar temas congelados na imprensa, os produtores pretendem mostrar que os crimes passionais não são datados, restritos a determinados estratos sociais tampouco incomuns.
“Queremos entreter, pois estamos falando de um produto para a televisão, mas nosso objetivo também é mostrar que esses assassinatos acontecem em qualquer lugar, das mais inusitadas formas e podem estar mais perto do que as pessoas imaginam”, assevera Giuliano Cedroni.
Acesse em pdf: Nova série reconstrói e humaniza crimes passionais brasileiros (G1 – 10/04/2012)