A Defensoria Pública do estado de São Paulo recebeu mais um caso de suposta violência praticada contra mulheres que buscaram o serviço de aborto legal no Hospital da Mulher, na capital paulista.
Uma vítima de violência sexual relata ter sido humilhada por funcionários da instituição e levada a buscar atendimento em outra unidade de saúde após ter tido o acesso ao procedimento negado.
A vítima foi ao hospital gerido pelo Governo de São Paulo pela primeira vez em 22 de dezembro de 2023. Lá, realizou exames de sangue, ultrassom e foi encaminhada para retornar para consulta com psicólogo, assistente social e ginecologista.
A mulher estava com uma gestação de cinco semanas. Na data do atendimento, a médica informou que entraria de férias e que a paciente teria que seguir o processo com outro profissional.
Quando retornou para a nova consulta, no dia 3 de janeiro, o médico informou-a que não iriam aceitar o seu caso porque o que havia acontecido não era classificado como violência sexual.
A vítima narra à coluna que foi violada pelo ex-companheiro enquanto dormia. Na época, ela fazia uso de remédios para dormir que a deixavam sonolenta. O ato teria ocorrido sem seu consentimento, e ela engravidou.
“Ele [médico] fez piadas durante o atendimento, me colocou em situações desconfortáveis falando que eu teria que me responsabilizar. Saí do consultório bem chateada, foi muito difícil”, diz.
Depois da negativa, ela buscou a Defensoria, que encaminhou-a para o Hospital Fernando Mauro Pires Da Rocha, no Campo Limpo, gerido pela prefeitura.
Ela foi atendida em 10 de janeiro e, dois dias depois, realizou o procedimento após passar com equipe multidisciplinar. “Conversaram comigo, perguntaram o que aconteceu, foi um processo bem bacana porque eu realmente senti que eles se importavam [com a situação]”, narra.