Relatório elaborado pelo Governo brasileiro reflete desigualdade salarial entre homens e mulheres, analisa advogada especialista em Direito Trabalhista
Após discussões trazidas pela publicação do Relatório de Transparência Salarial, em março deste ano, o tema provavelmente voltará aos holofotes no próximo mês, tendo em vista a obrigação de nova divulgação no mês de setembro.
Em que pese as diversas críticas acerca dos critérios utilizados para a elaboração deste relatório e de sua eficácia ou aplicação prática, pode-se dizer que é a primeira ação mais enérgica do governo brasileiro voltada para ao tema e marca uma postura mais proativa e importante para esta discussão. Em um cenário onde as ações práticas ainda são tímidas, este relatório pode ser visto como um passo importante na direção da equidade salarial de gênero.
Mulheres recebem quase 20% a menos que os homens
Segundo dados do Ministério do Trabalho, as mulheres no Brasil recebem 19,4% a menos que os homens, com uma remuneração média de R$ 4.472. A disparidade salarial é ainda mais acentuada quando se considera a raça/cor, com mulheres negras, que constituem a maioria no mercado de trabalho com 2.987.559 vínculos (16,9% do total), recebendo a renda mais baixa, uma média de R$ 3.040,89.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, mostram um quadro ainda mais alarmante. Os cargos gerenciais são predominantemente ocupados por homens (60,7%), enquanto as mulheres ocupam apenas 39,3% desses postos. Mais preocupante ainda é o fato de que as mulheres em cargos gerenciais ganham, em média, 21% a menos que os homens.
Essa desigualdade reflete questões estruturais que abrangem não apenas o ambiente corporativo, mas também toda a sociedade. Entre os fatores que sustentam essa disparidade estão os preconceitos inconscientes, a carência de políticas eficazes de igualdade de gênero nas empresas e a falta de uma cultura organizacional que incentive e valorize a diversidade como uma das premissas da organização.