Vítimas invisíveis do feminicídio no Brasil: a cada 10 mulheres mortas, há outras 12 sobreviventes

Feminicidio – arem de nos matar – Credito Mauro Utida – Mídia NINJA

Foto: Mauro Utida/ Mídia Ninja

26 de agosto, 2024 SBT News Por Ricardo Brandt

Primeiro semestre de 2024 teve 905 crimes e 1,1 mil tentados com vítimas que escaparam da morte, convivem com medo e estão fora de estatísticas oficiais

Para cada 10 mulheres mortas em feminicídios no Brasil no primeiro semestre de 2024, há outras 12 delas vítimas da mesma brutalidade que escaparam da morte e convivem com o medo e estão das estatísticas oficiais.

De janeiro a junho, 905 mulheres foram assassinadas e outras 1,1 mil sofreram “tentativa de feminicídio”. Os dados são do Monitor de Feminicídios no Brasil, criado em 2022 pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios (Lesfem), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná.

A contagem dos feminicídios contabiliza os casos consumados, em que a vítima morreu, e os tentados, quando sobreviveu.

“Precisamos dar a dimensão de que, mesmo quando o autor não realiza o seu intento, de ceifar a vida daquela mulher, havia essa violência de gênero, chegou a esse nível de gravidade, e isso precisa ser compreendido também como essa violência letal de gênero”, diz a coordenadora do Lesfem, a socióloga Silvana Mariano.

O levantamento usa registros oficiais dos estados, da Segurança Pública, da Saúde e também noticiários. Por isso, esses dados usados no ambiente acadêmico são considerados mais precisos e apresentam números mais elevados do que os produzidos por órgãos públicos.

Dados

O Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), plataforma oficial de contagem de crimes no Brasil, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, não divulga feminicídios tentados, apenas os feminicídios consumados.

A contagem reúne dados de crimes (homicídios, latrocínios, feminicídios, roubos, sequestros e outros), com base nos registros das secretarias estaduais. Por isso, registra números um pouco menores.

Foram 685 feminicídios de janeiro a junho, segundo o Mapa Nacional de Dados de Segurança Pública, com casos de morte. Um número alto e que não apresenta queda significativa em relação ao mesmo período de 2023, que teve recorde no país, desde que passou a ser tipificado no Código Penal e virou dado estatístico. Foram mais de 1 mil casos.

“Quando nós não falamos a respeito dos feminicídios tentados, significa que não estamos discutindo que tipo de resposta, de ação, o Estado, as políticas públicas e a sociedade estão oferecendo a essas mulheres. São necessidades distintas quando existe um feminicídio consumado e existe um feminicídio tentado. Precisamos falar dos dois tipos”, defende a pesquisadora.

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