Por que crescem casos de câncer de pulmão entre mulheres que nunca fumaram

13 de fevereiro, 2025 BBC News Por Redação

Os casos de câncer de pulmão estão aumentando em pessoas que nunca fumaram, especialmente entre mulheres, segundo um novo estudo da agência especializada em câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS).

As descobertas, publicadas na revista científica The Lancet Respiratory Medicine, revelam que o adenocarcinoma, o tipo mais comum de câncer de pulmão entre não fumantes, é responsável por quase 60% dos casos da doença em mulheres, em comparação com 45% em homens.

Cerca de 2,5 milhões de novos casos de câncer de pulmão foram diagnosticados em todo o mundo em 2022 — um aumento de 300 mil desde 2020. O estudo sugere que fatores ambientais, especialmente a poluição do ar, assim como a predisposição genética e as respostas imunológicas, podem estar impulsionando esse aumento no câncer de pulmão não relacionado ao tabagismo.

Um dos fatores de risco mais significativos para o câncer de pulmão em não fumantes são as mutações genéticas, especialmente as mutações no gene EGFR. Este gene fornece instruções para a produção de uma proteína na superfície das células envolvidas no crescimento e na divisão.

As mutações neste gene levam à divisão celular descontrolada e ao crescimento do tumor. Elas são encontradas em 50% dos adenocarcinomas pulmonares em mulheres asiáticas não fumantes, e em 19% dos casos em mulheres ocidentais não fumantes, em comparação com um percentual de 10–20% em homens não fumantes.

Os avanços nos testes genéticos facilitaram a detecção destas mutações. No entanto, o aumento da exposição à poluição do ar, que é conhecida por desencadear mutações no gene EGFR, também pode estar contribuindo para sua prevalência cada vez maior.

Outras alterações genéticas que impulsionam o crescimento do tumor incluem mutações nos genes ALK e ROS1, que são encontradas em cerca de 5% dos casos de câncer de pulmão em não fumantes. Estas mutações são observadas com mais frequência em mulheres jovens não fumantes, principalmente na Ásia. Felizmente, programas de rastreio aprimorados, especialmente em países do Leste Asiático, ajudam a detectar essas mutações com mais frequência.

As mutações no TP53, um gene crucial de supressão de tumores, também parecem ser mais comumente encontradas em mulheres não fumantes do que em homens. Este gene impede que as células se tornem cancerígenas, e sua mutação leva a um crescimento celular fora de controle. O hormônio estrogênio pode interagir com as mutações do TP53, aumentando a probabilidade de desenvolvimento de câncer de pulmão em mulheres ao longo do tempo.

Outro gene que vale a pena mencionar é o KRAS. As mutações neste gene geralmente estão associadas ao câncer de pulmão relacionado ao tabagismo. Mas elas estão sendo cada vez mais encontradas em não fumantes, sobretudo mulheres.

Estudos recentes sugerem que a exposição a partículas microscópicas presentes no ar, ou PM2,5 (chamadas assim porque têm 2,5 micrômetros ou menos), pode ser responsável por estas mutações em mulheres não fumantes.

Como os níveis de PM2,5 continuam a aumentar em muitas cidades, a exposição a estas partículas pode ser outro fator que contribui não apenas para o câncer de pulmão, mas também para outros tipos de câncer em mulheres.

Além da predisposição genética, as flutuações hormonais podem influenciar o crescimento de tumor em mulheres. Os receptores de estrogênio são encontrados no tecido pulmonar, e estudos experimentais sugerem que o estrogênio promove o crescimento do tumor. Estudos mostram que mulheres que fazem terapia de reposição hormonal (TRH) apresentam um risco menor de câncer de pulmão, em comparação com mulheres que não fazem TRH, sugerindo que os ciclos naturais de estrogênio podem oferecer algum nível de proteção.

Acesse a matéria no site de origem.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas